Justiça
Paulo Sérgio Nogueira pede desculpa a Moraes por declarações ‘inadequadas’ sobre o TSE
Restará apenas a oitiva do ex-ministro Walter Braga Netto, que falará por videoconferência
O ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes comanda, nesta terça-feira 10, o interrogatório do ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, réu por envolvimento na tentativa de golpe de Estado em 2022.
O general, ex-comandante do Exército, responde por cinco crimes: golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, dano qualificado, deterioração de patrimônio tombado e organização criminosa armada. Ele integra o chamado núcleo crucial da trama golpista.
Reunião ministerial
No primeiro questionamento, acerca da reunião ministerial de 5 de julho de 2022, Moraes indagou o militar sobre as declarações dele a respeito da atuação do Tribunal Superior Eleitoral na eleição daquele ano. O ex-ministro disse que tratou o trabalho da Justiça Eleitoral de forma “inadequada” e pediu desculpas a Moraes.
“Quero me desculpar publicamente por ter feito as declarações naquele dia. Eu não tinha nem três meses de Ministério da Defesa, vinha do Exército brasileiro. E coincide com essa reunião em que eu trato com palavras completamente inadequadas o trabalho do Tribunal Superior Eleitoral. E mais ainda olhando para vossa excelência, porque nós trabalhamos juntos nesse processo. Quando vi esse vídeo posteriormente, não acreditei”, disse.
Hacker
O militar também negou que esteve mais de uma vez com Walter Delgatti Neto, o hacker de Araraquara. Ele se disse “entalado” com o tema desde a CPMI do 8 de Janeiro, quando o hacker afirmou que esteve mais de cinco vezes no Ministério da Defesa. “Liguei para um assessor e pedi para recebê-los [Delgatti e Carla Zambelli]. Na mesma hora, o oficial responsável, já imaginando, ninguém pode receber esse camarada, ele não saiu da sala de visita. Ele teve o descaramento de dizer na CPI que participou de quatro ou cinco reuniões no ministério, uma delas comigo. É um criminoso, tanto que está onde está.”
Outros depoimentos
Mais cedo nesta terça, foram interrogados outros três réus da ação penal do golpe: o almirante Almir Garnier, ex-comandante da Marinha; o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional Augusto Heleno, que respondeu somente a perguntas de seu advogado; e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Na segunda-feira 9, o STF conduziu as oitivas de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e delator no caso, e do deputado federal Alexandre Ramagem (PL), ex-chefe da Abin. Após Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, a Corte ouvirá o ex-ministro Walter Braga Netto, que falará por videoconferência, uma vez que está preso desde dezembro, no Rio de Janeiro.
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