Economia
‘Solução tabajara’: Caminhoneiros rejeitam proposta de Bolsonaro sobre ICMS
Uma nova greve da categoria não é descartada diante do aumento dos preços dos combustíveis


A Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava) criticou duramente a proposta feita pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) para diminuir o preço dos combustíveis a partir da isenção do ICMS.
A sugestão do ex-capitão se baseia em zerar os impostos estaduais sobre o diesel, compensando de alguma forma os valores que as unidades da federação deixarão de receber. Sobre o etanol e a gasolina, no entanto, a proposta não prevê ressarcimento pelas perdas decorrentes da redução do ICMS, devendo o prejuízo ficar com os estados.
Em nota, a Abrava afirmou que o governo tenta resolver um problema “complexo” com uma “solução tabajara”.
Segundo os líderes da categoria, “retirar o ICMS dos combustíveis, que não é uma receita da União, é como tomar dinheiro do vizinho para pagar uma conta da minha casa”.
O texto ainda afirma que a isenção de impostos de Pis e Cofins comemorada pelo governo federal não é o suficiente para desonerar os caminhoneiros, representando apenas 6% da composição do diesel.
“Os preços dos combustíveis vão continuar subindo, o problema não está sendo enfrentado, esse movimento é só um paliativo para aumentar o diesel novamente, se não aumentar o preço, vai faltar diesel nos postos, fruto da política de preços da Petrobras, empresa criada com dinheiro público e que o governo é acionista majoritário”, alerta a nota.
Segundo o documento, Bolsonaro tenta arrastar o problema por mais alguns meses, pensando na reeleição.
“O presidente Bolsonaro está preocupado com sua reeleição, os caminhoneiros e o povo brasileiro estão preocupados em colocar comida na mesa de suas famílias, não vemos luz no fim do túnel. O país vai parar!!”, diz o documento, assinado pelo presidente da Abrava, Wallace Landim, conhecido como Chorão.
Uma nova greve dos caminhoneiros não é descartada diante do aumento dos preços dos combustíveis e das medidas ineficientes propostas pelo governo Bolsonaro.
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