Política

Sob protesto do movimento negro, comissão adia votação da PEC da Anistia

Representantes da ONG Educafro levaram cartazes ao plenário da comissão especial; nova sessão será na quarta-feira 27

Sob protesto do movimento negro, comissão adia votação da PEC da Anistia
Sob protesto do movimento negro, comissão adia votação da PEC da Anistia
PEC da Anistia recebe críticas de manifestantes em plenário de comissão. Foto: Victor Ohana/CartaCapital
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Deputados adiaram a votação da PEC da Anistia que ocorreria em comissão especial nesta terça-feira 26. A sessão foi remarcada para a quarta 27, após um pedido do deputado Jilmar Tatto (PT-SP) por mais tempo para análise do parecer do relator, Antônio Carlos Rodrigues (PL-SP).

O início da sessão foi marcado por um protesto de integrantes da instituição Educafro, associada ao movimento negro, contra a matéria. A Proposta de Emenda à Constituição pode livrar partidos políticos de punições por descumprimento de repasses a candidaturas de mulheres e de pessoas negras em 2022.

Os representantes da entidade entraram no plenário da comissão e ergueram cartazes com críticas à PEC. Entre os manifestantes estava Frei David, um dos fundadores da Educafro.

Algumas mensagens diziam “não à PEC 9”, “quem tem medo de mulheres na política?” e “quem tem medo de negros na política?”. Cerca de dez pessoas participaram do ato, de forma silenciosa.

Entidades como Pacto pela Democracia e Transparência Partidária também são críticas à proposta. A estimativa das organizações é que o texto pode impedir a análise de quase 232 mil prestações de contas e 23 bilhões de reais em fundos pendentes de julgamento.

A proposta tem o apoio da maioria dos partidos e divide parlamentares de esquerda. De um lado, o PT endossa o projeto, enquanto o PSOL se opõe.

Segundo parlamentares, o consenso sobre a anistia está firmado, mas falta um acordo a respeito das candidaturas de mulheres e de pessoas negras.

De acordo com uma das avaliações ouvidas pela reportagem, os deputados não consideram tratar somente da anistia na PEC, devido à má repercussão do tema.

A estratégia, portanto, é ampliar dispositivos que incentivem as candidaturas e as eleições de mulheres e de pessoas negras. Porém, há divergências sobre essas novas condições.

Enquanto o relator propôs o mínimo de 20% de repasses financeiros para candidaturas de pessoas negras, a bancada feminina e o PT têm reivindicado 30%.

Além disso, o PT tem defendido a implementação de uma “multa política” que preveria a substituição de homens eleitos por mulheres com quociente eleitoral de 10%, nos casos em que os partidos infringirem as regras afirmativas.

Os petistas solicitaram uma conversa com o relator da matéria até a quarta-feira, para insistir na negociação.

Na segunda 25, o relator havia apresentado um novo parecer da PEC, sem acatar a ampliação dos repasses para negros e o pedido de que 30% das vagas legislativas sejam destinadas a mulheres.

Na proposta do relator, 20% das cadeiras legislativas serão reservadas para candidaturas femininas.

Segundo os parlamentares, o impacto deve ser baixo na Câmara, que tem 18% de mulheres, mas deve ter efeitos em centenas de câmaras municipais que não têm nenhuma vereadora.

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