Política
Servidora diz à PF ter emprestado a senha para chefe excluir registros de vacina de Bolsonaro
Cláudia Silva afirmou ter compartilhado sua senha por não ver ‘qualquer má-fé’ no pedido de secretário
A enfermeira Cláudia Helena Acosta Rodrigues da Silva, chefe da Central de Vacinação de Duque de Caxias (RJ), afirmou em depoimento à Polícia Federal ter emprestado sua senha para o secretário de Governo da cidade, João Brecha, apagar os registros de vacinação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O teor da oitiva foi divulgado neste sábado 13 pela Folha de S.Paulo.
Silva disse ter compartilhado sua senha por não ver “qualquer má-fé” no pedido do secretário e acreditar que a mudança nos dados seria “idônea”.
A informação inserida no sistema em 21 de dezembro de 2022 é de que Bolsonaro teria tomado duas doses de vacina (em agosto e em outubro). Em 22 de dezembro, um certificado de vacinação do ex-capitão foi emitido dentro do Palácio do Planalto. Cinco dias depois, após uma nova emissão, o usuário em nome da servidora apagou o registro do sistema, sob a justificativa de um “erro”.
Cláudia Silva declarou à PF não conhecer João Brecha pessoalmente e sustentou que o pedido para ajudá-lo partiu de sua chefe, a secretária de Saúde, Célia Serrano.
Bolsonaro deve prestar depoimento à Polícia Federal na próxima terça-feira 16 no inquérito que mira o esquema de falsificação de dados sobre vacinação. Ele foi intimado a depor na semana passada, durante o cumprimento dos mandados de busca e apreensão da Operação Venire. Na ocasião, a defesa do ex-presidente disse que ele só forneceria esclarecimentos após a liberação do acesso aos autos.
Além de busca e apreensão na casa de Bolsonaro, dois ex-ajudantes de ordens dele foram presos durante a operação: o tenente-coronel Mauro Cid e o ex-sargento do Bope Max Guilherme.
Eles são suspeitos de inserir informações falsas entre novembro de 2021 e dezembro de 2022 a fim de emitir certificados de vacinação para viajar aos Estados Unidos. Existe a suspeita de que os registros de vacinação de Bolsonaro, Cid e da filha mais nova do ex-presidente, Laura, teriam sido adulterados.
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