Política

Senado aprova projeto que regulamenta compra de terras por estrangeiros

Medida dispensa qualquer necessidade de autorização ou licença para aquisição de áreas com até quinze módulos fiscais

Senado aprova projeto que regulamenta compra de terras por estrangeiros
Senado aprova projeto que regulamenta compra de terras por estrangeiros
(Foto: iStockPhoto) (Foto: iStockPhoto)
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O Senado Federal aprovou, na noite de terça-feira 15, um projeto de lei que pretende facilitar a negociação de terras agrícolas com investidores estrangeiros. Tema sensível ao País e discutido há anos no Congresso, a entrada de estrangeiros em terras nacionais foi objeto do projeto apresentado pelo senador Irajá Abreu (PSD-TO), que torna a venda ou o arrendamento de propriedades rurais a empresas do exterior mais flexível.

Os senadores desengavetaram a proposta apresentada no ano passado, aproveitando a semana derradeira de votações no ano. Agora, o texto seguirá para análise da Câmara dos Deputados. Se não tiver alteração e for aprovado, segue para sanção presidencial. Se for alvo de alguma mudança, será novamente submetido ao Senado, para então ir à sanção.

De acordo com o jornal O Estado de S.Paulo, a Frente Parlamentar Agropecuária (FPA), que reúne a bancada ruralista, é favorável ao texto e já articula uma base para apoiar a aprovação do projeto na Câmara. Está praticamente certo, porém, que o projeto deverá receber diversas emendas, o que fará com que retorne ao Senado.

A medida dispensa qualquer necessidade de autorização ou licença para aquisição e qualquer modalidade de posse por estrangeiros quando se tratar de imóveis com áreas até quinze módulos fiscais. Não há uma precisão em relação ao tamanho dos módulos fiscais, porque a medida desses módulos varia entre os Estados do País. Em média, porém, um módulo tem o tamanho de aproximadamente 80 hectares, o equivalente a 80 campos de futebol.

A liderança do PT tentou tirar o projeto da pauta do plenário, mas o pedido foi derrotado por 35 votos a 20. O relator da proposta, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), afirmou que o projeto não ofende a soberania nacional.

O texto determina que a soma das áreas rurais pertencentes e arrendadas a pessoas estrangeiras não poderá ultrapassar 25% da superfície dos municípios onde estiverem situadas. A aquisição de terras na região do bioma amazônico e áreas de fronteiras dependerão do aval do Conselho de Defesa Nacional.

A entrada de estrangeiros em território nacional sempre foi um tema difícil para o presidente Jair Bolsonaro. Em sua campanha eleitoral, o então candidato sempre criticou o interesse chinês por terras brasileiras. Em dezembro de 2018, quando já estava eleito para comandar o País, Bolsonaro disse que era preciso frear o avanço chinês sobre “nossas terras agricultáveis”, porque “a segurança alimentar do País está em risco”.

No agronegócio, porém, prevalece a ideia de que é preciso abrir as terras do Brasil para o capital internacional. A expectativa não é vender a terra em si para estrangeiros, mas sim dar permissão para que investidores internacionais possam investir em empresas brasileiras agrícolas.

O tema é polêmico e divide opiniões. Até 1998, uma lei de 1971 permitia que empresas estrangeiras com sede no Brasil comprassem terras no País. Naquele ano, a Advocacia-Geral da União (AGU) interpretou que empresas nacionais e estrangeiras não poderiam ser tratadas de maneira diferente e, por isso, liberou a compra. Em 2010, a AGU mudou de posicionamento, restabelecendo o entendimento original.

(Da Agência Estado)

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