Política

Sem máscara, Bolsonaro participa mais uma vez de protestos em Brasília

Presidente da República se aproximou de apoiadores aglomerados e transmitiu imagens nas redes sociais

Sem máscara, Bolsonaro participa mais uma vez de protestos em Brasília
Sem máscara, Bolsonaro participa mais uma vez de protestos em Brasília
Presidente da República exibiu manifestação nas redes sociais. Foto: Reprodução/Facebook
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Sem máscara, o presidente Jair Bolsonaro participou mais uma vez de uma manifestação em Brasília, neste domingo 24, em desobediência às recomendações do Ministério da Saúde, da Organização Mundial da Saúde (OMS). O ato descumpre o próprio decreto do governador Ibaneis Rocha (MDB), que obriga o uso de máscara em locais público.

Bolsonaro sobrevoou a aglomeração em um helicóptero da Força Aérea Brasileira (FAB) e, depois, transmitiu sua chegada ao protesto em suas redes sociais. No início do vídeo, o chefe do Palácio do Planalto aparece usando máscara e diz que a manifestação é “espontânea do povo, pela democracia e pela liberdade”.

Em seguida, ele se aproxima de uma aglomeração de apoiadores vestidos com as cores da bandeira do Brasil, em frente à Praça dos Três Poderes. Nas imagens, também aparecem erguidas as bandeiras dos Estados Unidos e de Israel. Em certo momento, Bolsonaro tira a máscara e acena aos apoiadores, ao som de fogos e de gritos de “mito”. Manifestantes seguram faixas e cartazes com ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Antes de participar do ato, Bolsonaro publicou na internet o texto da Lei 13.869/2019, que dispõe sobre o “abuso de autoridade”. O trecho selecionado pelo presidente, o Artigo 28, prevê detenção de 1 a quatro anos para quem “divulgar gravação ou trecho de gravação sem relação com a prova que se pretenda produzir, expondo a intimidade ou a vida privada ou ferindo a honra ou a imagem do investigado ou acusado”.

Bolsonaro se manifesta dois dias após o STF divulgar vídeos da reunião ministerial de 22 de abril. As imagens foram apontadas pelo ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro, como provas de que o presidente da República tentou interferir politicamente na Polícia Federal. O chefe do Planalto nega interferência, mas sua versão é contrariada por diálogos revelados pelo jornal O Estado de S. Paulo, em que determinou expressamente a demissão de Maurício Valeixo do comando da corporação.

O ex-capitão também teme que seu celular seja apreendido pelo STF, após o ministro Celso de Mello consultar formalmente a Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre o pedido de perícia no telefone do presidente. O conteúdo extraído no aparelho pode ser analisado no âmbito do inquérito na Corte que apura interferência política na Polícia Federal. A possibilidade é duramente criticada por militares, que preveem até “guerra civil” se o telefone for apreendido.

Na sexta-feira 22, o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, escreveu em sua rede social, em tom de ameaça, que a apreensão do celular de Bolsonaro pode motivar “consequências imprevisíveis” para a estabilidade nacional.

Posted by Jair Messias Bolsonaro on Sunday, 24 May 2020

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