O ex-presidenciável Ciro Gomes confirmou nesta terça-feira 4 que apoiará Lula (PT) no segundo turno da eleição nacional, a ser disputado contra Jair Bolsonaro (PL) em 30 de outubro. Pouco antes, o PDT, partido de Ciro, já havia comunicado seu endosso ao petista, após reunião da Executiva Nacional.
“Gravo este vídeo para dizer que acompanho a decisão do PDT. Frente às circunstâncias, é a última saída. Lamento que a trilha democrática tenha se afunilado a tal ponto que restem aos brasileiros duas opções, ao meu ver, insatisfatórias”, disse Ciro em um vídeo publicado nas redes sociais.
Ele ainda afirmou “não acreditar que a democracia esteja em risco neste embate eleitoral, mas em seu absoluto fracasso de construir um ambiente de oportunidades, que enfrente a mais massiva crise social e econômica, que humilha a esmagadora maioria do nosso povo”.
“Ao contrário da campanha violenta da qual fui vítima, nunca me ausentei ou ausentarei da luta pelo Brasil”, prosseguiu Ciro. “Espero que essa decisão ajude a oxigenar, temporariamente que seja, a nossa democracia. Mas, se não houver uma busca efetiva de novos ares e instrumentos, estaremos à mercê de um respirador artificial frágil e precário.”
Ciro acrescentou que “fiscalizará, acompanhará e denunciará “qualquer desvio do governo que assumirá em janeiro” e que não aceitará qualquer cargo no governo.
Mais cedo, em entrevista coletiva, o presidente do PDT, Carlos Lupi, afirmou que a decisão da Executiva Nacional foi unânime.
“Apoiaremos o mais próximo da gente, que é a candidatura do Lula. Eu chamo de 12 + 1”, declarou o presidente pedetista a a jornalistas.
No primeiro turno, Lula obteve 48,4% dos votos válidos, ante 43,2% de Bolsonaro. Ciro terminou na quarta posição, com 3%, atrás também de Simone Tebet (MDB), que recebeu 4,1%.
Logo após a primeira votação, em contato com a presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, Lupi sugeriu que o partido de Lula incorporasse três propostas de Ciro: um programa para zerar dívidas do SPC, um plano de renda mínima e um projeto de educação em tempo integral.
Segundo Lupi, outra proposta será levada ao PT: o Código Brasileiro do Trabalho, a fim de contemplar, por exemplo, direitos dos entregadores de aplicativos.
Antes mesmo de formalizada a aliança com Lula no segundo turno, Lupi já afirmava considerar “muito difícil” Ciro não acompanhar a orientação de seu partido.
Ainda no domingo 2, logo após o Tribunal Superior Eleitoral confirmar a realização de um segundo turno entre Lula e Bolsonaro, Ciro convocou um pronunciamento para agradecer a seus eleitores e pedir “mais algumas horas” para dialogar com amigos e com o PDT, “para que a gente possa achar o melhor caminho, o melhor equilíbrio para bem servir a Nação brasileira”.
As últimas semanas da campanha de Ciro foram marcadas por uma intensificação nos ataques a Lula e ao PT e pelo discurso contra o chamado voto útil. Às vésperas do primeiro turno, Ciro chegou a lançar um “manifesto” para reafirmar sua candidatura diante do que viu como uma “campanha de intimidação, mentiras e de operações de destruição de imagens”.
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