Política

Sem acordo para quebra de sigilo de Bolsonaro, CPMI cancela sessão desta terça

Foi aprovado, contudo, o depoimento do coronel Fábio Augusto Vieira, ex-comandante da Polícia Militar do Distrito Federal

A CPMI do 8 de Janeiro. Foto: Geraldo Magela/Agência Senado
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A Comissão Parlamentar de Inquérito que apura os atos antidemocráticos de 8 de janeiro marcou para o dia 29 de agosto, terça-feira, o depoimento do coronel Fábio Augusto Vieira, ex-comandante da Polícia Militar do Distrito Federal. A decisão foi tomada nesta terça-feira 22.

Preso pela segunda vez na semana passada, o militar é apontado como responsável, por ação direta ou omissão, pela falha de segurança identificada no decorrer dos atos golpistas em Brasília.

Além de Vieira, está prevista para esta quinta-feira 24 a oitiva de Luis Marcos dos Reis, sargento que movimentou um montante milionário para o ex-chefe da Ajudância de Ordens Mauro Cid.

No dia 31 de agosto, quinta-feira da próxima semana, a CPMI deve ouvir Gonçalves Dias, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional, que apareceu em contato com os invasores do Palácio do Planalto na data dos ataques, em imagens reveladas pela emissora CNN Brasil.

Sessão cancelada

A Comissão cancelou uma sessão deliberativa que ocorreria nesta terça-feira 22. Nesse tipo de reunião, os parlamentares realizam somente votações de requerimentos com solicitações como quebras de sigilo, pedidos de informações a órgãos e convocações de novos depoimentos.

A base governista atua pela quebra do sigilo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), da deputada Carla Zambelli (PL-SP) e do presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, autoridades mencionadas pelo hacker da Vaza Jato, Walter Delgatti Neto, em depoimento na semana passada.

No entanto, não há acordo para essa votação, por pressão de bolsonaristas sobre o presidente da CPMI, Arthur Maia (União-BA), deputado próximo do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

Os parlamentares conservadores querem emplacar a tese de que o governo Lula (PT) colaborou com os ataques golpistas, enquanto a base governista vê responsabilidade intelectual de Bolsonaro.

Os governistas defendem que a CPMI adote uma linha de investigação a partir dos relatos de Delgatti. O hacker disse ter sido orientado por Bolsonaro a planejar um esquema de difamação contra urnas eletrônicas com o Ministério da Defesa da época, entre agosto e setembro do ano passado.

Além disso, os aliados de Lula querem que a Comissão instaure apurações sobre o caso das joias, sob a argumentação de que a venda dos itens pode ter financiado os atos golpistas ou a suposta fuga de Bolsonaro para os Estados Unidos enquanto as manifestações eram planejadas.

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