Política

Secretário de Justiça de Bolsonaro tentou interferir na extradição de Allan dos Santos, diz jornal

Santini, no entanto, foi impedido e reagiu exonerando a delegada Amélia Fonseca do comando do departamento responsável

Vicente Santini, secretário da Justiça e homem de confiança do clã Bolsonaro. Foto: Tom Costa/Flickr/Divulgação/MJSP
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O Secretário de Justiça Vicente Santini tentou interferir no processo de extradição do blogueiro bolsonarista Allan dos Santos, mas foi impedido pela agilidade da delegada da Polícia Federal, Silvia Amélia Fonseca de Oliveira, em conduzir o processo. Os detalhes da tentativa de interferência no processo foram revelados pela jornalista Malu Gaspar, d’O Globo, nesta sexta-feira 12.

Santini, amigo pessoal do clã Bolsonaro, emitiu um memorando ao fim de outubro informando ao Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI) que dali em diante ele analisaria e despacharia pessoalmente todos os pedidos de extradição. Habitualmente, cabe ao DRCI apenas cumprir a ordem, além de outros procedimentos de cooperação com autoridades estrangeiras, como, por exemplo, para a recuperação de dinheiro bloqueado por suspeita de lavagem no exterior.

O envio do memorando, portanto, revela a intenção de interferir no processo, postergando ou até mesmo revertendo a decisão do ministro Alexandre de Moraes. Aquela altura, a determinação era de que o governo federal, por meio do DRCI, encaminhasse o pedido de extradição aos Estados Unidos, onde Allan dos Santos segue foragido.

O memorando de Santini, no entanto, não surtiu o efeito esperado, já que a ordem de Moraes, como é de praxe, foi rapidamente cumprida pelo DRCI, comandado pela delegada da PF. Já não havia, portanto, tempo hábil para que o bolsonarista interferisse no processo.

A ação rápida liderada por  Silvia Amélia Fonseca fez com que Santini reagisse e exonerasse a agente do cargo de diretora do departamento na última terça-feira 9. A demissão foi assinada pelo ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, que não nomeou ninguém para ocupar o cargo. A pasta nega que a exoneração tenha sido uma represália. A ‘coincidência’ nas ações, porém, revelam o contrário.

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