Política

Secom fez plano para Bolsonaro incentivar vacinação, mas teve ações frustradas

Recusa do presidente em imunizar-se é um dos pontos de um plano não concretizado da comunicação do governo para a vacinação

Secom fez plano para Bolsonaro incentivar vacinação, mas teve ações frustradas
Secom fez plano para Bolsonaro incentivar vacinação, mas teve ações frustradas
Lançamento do Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação Contra a Covid-19. (Foto: Isac Nóbrega/PR)
Apoie Siga-nos no

A equipe de comunicação do governo federal formulou uma proposta de mobilização pela campanha de vacinação da Covid-19 na Páscoa, mas os planos foram ignorados pelo presidente Jair Bolsonaro.

Entre as articulações para atrelar a imagem do governo à imunização, estava vacinar ministros e o presidente de forma midiática e promover eventos entre o personagem Zé Gotinha e a primeira-dama Michelle Bolsonaro. No entanto, quase nada saiu do papel.

Os detalhes do plano de comunicação estão em um documento obtido pela organização Repórter Brasil na terça-feira 5. Elaborado pelo ex-secretário especial de Comunicação Flávio Augusto Miranda Rocha, o foco era fazer um chamamento à vacinação na Semana Santa, evocando símbolos religiosos e de fraternidade na população.

Como a semana prometia a entrega de 11 milhões de doses de vacinas para o Plano Nacional de Imunização, foi sugerido que o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, aparecesse na live semanal de Jair Bolsonaro para anunciar a campanha.

“Com as novas doses previstas, será possível alcançar a meta diária de vacinação na semana da Páscoa. O discurso trará maior segurança e adesão à campanha de vacinação.”, diziam as diretrizes. Uma das propostas mencionava o programa Pátria Voluntária, de Michelle Bolsonaro, como uma frente na qual o Zé Gotinha poderia aparecer.

A intenção era fazer que a população olhasse de forma mais favorável ao governo federal, que tem perdido a popularidade em 2021 e está sob pressão política devido à CPI da Covid, que acontece no Senado.

No plano, há também menção à “imprescindível” participação dos estados e municípios. “Governo Federal, Estados e Municípios devem estar alinhados de forma síncrona, para alcançar a imunização dos brasileiros, o que pode acelerar todo o processo de saída do país da pandemia.”

Na prática, pouco do que era previsto pela Secretaria de Comunicações foi implementado. A primeira frustração é a recusa do presidente Bolsonaro em se vacinar, apesar de já ser elegível, pela idade, a tomar o imunizante no Distrito Federal. A relação do governo com estados e municípios no âmbito da vacinação também não se mostrou mais frutífera desde então, e ainda há pressão para a aquisição de mais vacinas.

Apenas campanhas publicitárias publicadas nas redes sociais com os slogans de “Pátria Imunizada” e afins foram concretizados.

Em nota, a Secom informou à Repórter Brasil que “a estratégia de comunicação não pode passar por cima da liberdade dos cidadãos em seu direito de decidir se se vacinarão ou não”. Segundo a secretaria, ainda há intenção de vacinar Bolsonaro em público – só não se sabe quando.

ENTENDA MAIS SOBRE: , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.

O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.

Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.

Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo