“Se só eu quero a reforma, vou embora para casa”, diz Guedes

Em entrevista, Paulo Guedes poupa Bolsonaro e sinaliza renúncia caso sua proposta para a Previdência não seja aprovada

José Cruz/Agência Brasil

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A reforma da Previdência – principal pauta do ministro da Economia, Paulo Guedes – ainda está empacada. E ele não quer ficar para ver no que dá.

“Se só eu quero a reforma, vou embora para casa. Se eu sentir que o presidente não quer a reforma, a mídia está a fim só de bagunçar, a oposição quer tumultuar, explodir e correr o risco de ter um confronto sério… pego o avião e vou morar lá fora”, declarou o ministro da Economia à revista Veja.

“Se os parlamentares aprovarem algo que represente uma economia menor que 800 bilhões de reais, não há a menor possibilidade de lançar uma nova Previdência. Estaríamos só remendando a velha”, disse.

 

Na entrevista, Paulo Guedes afirmou que o Brasil está se “dissolvendo devagarzinho” pela demora em aprovar reformas estruturais. Admite, no entanto, que até o presidente Jair Bolsonaro era contrário ao modelo proposto pelo economista antes de Guedes ‘convencê-lo’.

O ministro blinda a imagem do presidente em entrevista – mesmo quando Bolsonaro é o responsável pelo desgaste do governo (Foto: ABR)


“Ele mesmo disse certa vez: ‘Eu não era a favor da reforma da Previdência, Paulo. Sempre fui contra. Mas você me convenceu da importância disso para o País”. Bolsonaro, com uma carreira política de puro acúmulo de capital, só tem a temer agora o desmonte do próprio governo.

Sobre a falta de articulação na Câmara, Guedes acredita que “muita gente nova, inexperiente, mas bem-intencionada” entrou para fazer o jogo político do presidente. A nota para o governo? 7,5.

“Se na política tivéssemos conseguido fazer rápido a aliança entre centro e direita, se vocês, da imprensa, tivessem feito a sua parte, explicando para todo mundo entender, poderia ser 10”, culpabilizou. Ao presidente – cuja militância bolsonarista causou os maiores atritos dentro do governo até agora -, Guedes deu 10.

O ministro reconhece as ‘boas intenções’ de Bolsonaro, e expõe a real intenção do presidente – de um digno olavista – em instaurar apenas uma agenda ideológica, e nada mais. “A posição dele é a seguinte: ‘Se nós estivermos, no meu mandato, longe da situação da Venezuela, eu posso até abrir mão. Agora, se tiver alguma ameaça de acontecer aqui o que se passa lá, estou aqui para servir à população brasileira’.”

 

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