Política

“Sai o kit gay, entra a leitura em família”, diz ministro da Educação

Ao exaltar novo programa do MEC, Abraham Weintraub criticou material que nunca foi distribuído nas escolas

O ministro da Educação, Abraham Weintraub (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil)
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O ministro da Educação, Abraham Weintraub, criticou, nesta terça-feira 7, a suposta implementação do que chamou de “kit gay”, material que jamais foi criado ou distribuído em escolas brasileiras. A declaração ocorreu durante transmissão ao vivo no Facebook, em encontro com o presidente Jair Bolsonaro.

Na ocasião, Weintraub respondia a uma crítica de Bolsonaro à “ideologia de gênero”. O ministro, então, enalteceu o programa “Conta Pra Mim”, voltado para leituras de histórias em ambiente familiar, e emendou uma crítica ao conteúdo que nunca foi disseminado nas instituições de ensino.

“Quem educa é a família, a escola ensina. A gente ensina a ler, a escrever e ensina um ofício”, disse Weintraub. “Um dos símbolos maiores é o da leitura em família. Criamos um programa para leitura em família, onde nós temos o nosso mascote, o Tito, que busca justamente valorizar o papel da família com as crianças pequenas nesses primeiros momentos. Sai o ‘kit gay’ e entra a leitura em família”, disse.

Em seguida, Bolsonaro criticou livros que, segundo ele, levam conteúdo indevido para as bibliotecas das escolas.

“Algumas editoras tinham outros interesses além de fazer livros”, afirmou o presidente. “Esses livros péssimos chegavam nas bibliotecas, se fazia um contrato milionário com a editora, a editora fazia seu trabalho, e por fora o pessoal pedia um brinde. Igual quando você bateu o carro e pede um engate, pede um vidro fumê, um tapete. Vinham esses livros péssimos mandados para as bibliotecas que deseducavam a garotada e mostravam para a molecada uma coisa que os pais não queriam. Isso acabou.” O ministro, então, assegurou que já deu “uma boa limpada” na distribuição dos livros.

Ao citarem o “kit gay”, apoiadores de Bolsonaro se referem ao material do projeto “Escola Sem Homofobia”, que foi debatido em 2011, durante o governo Dilma Rousseff. No entanto, a petista vetou a produção e a distribuição do conteúdo. O projeto fazia parte do programa “Brasil Sem Homofobia”, inaugurado pelo governo Lula, em 2004.

 

A previsão era distribuir o material para educadores, e não para crianças. O conteúdo havia sido elaborado por profissionais de educação e representantes da sociedade civil e incluía um caderno, três vídeos, cartazes para os educadores e alguns boletins. Em oportunidades anteriores, Bolsonaro já criticou o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), por trazer questões relacionadas a sexualidade.

Outro tema criticado diz respeito à abordagem sobre o período da ditadura. Durante transmissão ao vivo em 14 de novembro do ano passado, o presidente chegou a afirmar que “a ditadura nunca existiu” no Brasil. O antecessor de Weintraub na pasta, Ricardo Vélez, tinha inclusive a meta de revisar os livros escolares para informar outra versão sobre o regime militar de 1964.

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