Política

Bolsonaro diz que ditadura tinha direito de ir e vir e liberdade de expressão

Presidente celebrou ausência de ‘questões polêmicas’ no Enem sobre o regime militar

O presidente Jair Bolsonaro. Foto: Reprodução/Facebook
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O presidente Jair Bolsonaro afirmou, nesta quinta-feira 14, que “nunca teve ditadura no Brasil” e que, durante aquele período, havia “direito de ir e vir e liberdade de expressão”. A declaração ocorreu nesta quinta-feira 14.

Ao lado do presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, Bolsonaro celebrava o conteúdo deste ano do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que, segundo ele, “não teve questão polêmica”, sobre assuntos como o regime militar.

“Vocês viram que não teve questão polêmica, segundo o linguajar de tal tipo de classe, como houve ano passado, estimulando a garotada a passar por esse tipo de classe. Não vou falar aqui para não dar polêmica, bem como outras questões. Daí a imprensa falou: ‘Não houve questões sobre ditadura’. Parabéns, imprensa. Nunca teve ditadura no Brasil. Que ditadura foi essa né, sem querer polemizar, onde você tinha direito de ir e vir, você tinha liberdade de expressão, você votava. Não vou entrar em detalhes, querem chamar de ditadura, podem continuar”, afirmou o presidente.

Em seguida, Bolsonaro reivindicou o título de presidente mais democrático da história recente no Brasil e criticou gestões anteriores.

“Eu acho difícil alguém falar que quem estava há pouco tempo atrás presidindo o Brasil era mais democrático do que eu. Em algum momento, você me ouviu falar em controle social da mídia? Zero. Algum momento já me ouviu falar que quero que a internet seja regulamentada?”, indagou o presidente, que, depois, expôs preocupação com a CPMI das Fake News. “Duvido no Brasil quem sofreu mais com fake news do que eu. Fui acusado de racista, de homofóbico, de misógino, um montão de besteira.”

Durante a transmissão, Bolsonaro anunciou que enviará ao Congresso Nacional, em 2020, um projeto de lei que permite a auditoria dos votos nos processos eleitorais. A proposta decorre da crise após as eleições na Bolívia. Segundo o presidente, houve “suspeita ou certeza” de fraude nas urnas no país vizinho.

“Qual o ensinamento para nós? Tenho falado com alguns líderes para que venhamos a votar, no começo do ano que vem, um projeto de lei de modo que você possa auditar uma eleição”, afirmou. “Não podemos ter essa suspeita de fraude, como houve na Bolívia, porque um problema pode acontecer, de um lado ou de outro.”

O presidente também sugeriu que, se não tivesse vencido as eleições em 2018, pediria a auditoria dos votos porque tinha certeza de que ganharia.

“Todo mundo dizia que eu tinha tudo para ganhar as eleições, na reta final, eu também tinha certeza disso, e teve, no final, 55% dos votos pra mim e 45% para o outro candidato. Muita gente achou que a diferença foi muito maior. Bem, como um lado ganhou, e nas ruas todo mundo tinha essa convicção de que ia ganhar, não houve problema. Mas imagine se o outro lado ganha as eleições? Como é que a gente ia auditar esses votos?”, questionou.

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