Política

Rodrigo Neves, do PDT, sinaliza abertura de palanque para Lula no Rio; leia a entrevista

A CartaCapital, o ex-prefeito de Niterói comenta o apoio informal de petistas e revela quais suas estratégias para enfrentar Freixo e Castro

O lançamento do Movimento Lula-Rodrigo, no Rio. Foto: Divulgação
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O auditório da Associação Brasileira de Imprensa, no centro da cidade do Rio de Janeiro, recebeu na segunda-feira 5 um evento tão inusitado quanto simbólico: o lançamento do Movimento LulaRodrigo Neves, a propor uma aliança informal entre o líder das pesquisas presidenciais e o pré-candidato do PDT ao governo fluminense.

Informal porque o PT apoia institucionalmente a candidatura de Marcelo Freixo, do PSB, até aqui o nome mais competitivo no campo progressista e tecnicamente empatado com Cláudio Castro, do PL, o escolhido de Jair Bolsonaro no estado.

A cerimônia de segunda-feira foi organizada por líderes políticos e movimentos sociais e contou com a participação, entre outros, de Washington Quaquá, vice-presidente do PT; Waldeck Carneiro, líder do PSB na Assembleia Legislativa do Rio; Leonardo Giordano, diretor estadual do PCdoB; e Ana de Hollanda, ex-ministra da Cultura.

Uma pesquisa Datafolha divulgada em 1º de julho mostra Castro com 23% das intenções de voto na modalidade estimulada, ante 22% de Freixo. Neves aparece em terceiro, com 7%, tecnicamente empatado com Eduardo Serra, do PCB, com 6%, e com Cyro Garcia, do PSTU, que vai a 5%. A margem de erro é de três pontos percentuais.

Rodrigo Neves, ex-prefeito de Niterói, falou a CartaCapital nesta terça-feira 5 sobre a aliança informal com petistas e a candidatura de Ciro Gomes, do PDT, à Presidência da República.

Confira os destaque a seguir.

CartaCapital: Qual é a importância do ato na ABI e do Movimento Rodrigo-Lula?

Rodrigo Neves: Foi um movimento muito potente de vários diretórios municipais do PSB, do PV, do PCdoB e do PT em apoio à nossa candidatura. A ABI é o espaço da resistência e da luta pela democracia e pela justiça social no Rio de Janeiro. Foi muito simbólico esse ato ter acontecido na ABI.

Em Niterói, governamos com uma frente ampla de todos os partidos de esquerda, centro-esquerda e centro e transformamos Niterói na melhor cidade em qualidade de vida no Rio. Esse movimento é muito importante para que possamos ir ao segundo turno e vencer o Cláudio Castro, que era vice do Witzel e é uma verdadeira tragédia administrativa na gestão do estado do Rio.

CC: E Marcelo Freixo, que aparece empatado com Castro na liderança?

RN: Respeito o deputado Freixo, que é um bom parlamentar. Mas todos sabemos que ele é o escolhido pelo Castro para derrotar no segundo turno o campo progressista, como fizeram com o Freixo na eleição do Crivella.

Além disso, o Freixo nunca passou por nenhuma experiência administrativa no Executivo, seja municipal, estadual ou federal. E o Rio é o maior desafio de governança e gestão dos 27 estados da Federação.

Por isso, tenho dito que o Rio é um carro numa estrada esburacada à beira do precipício, e nunca daríamos um carro nessas condições a uma pessoa que nunca dirigiu na vida.

CC: Como pretende disputar o eleitorado de Freixo?

RN: No Rio, diferentemente do quadro nacional, mais de 70% dos cidadãos não têm candidato na espontânea, apesar de o Freixo e o Castro serem 100% conhecidos. Eu ainda tenho um grau de desconhecimento grande na cidade do Rio, na Baixada. Onde sou conhecido, como em São Gonçalo, Niterói e Leste Fluminense, ganharíamos no primeiro turno se a eleição fosse hoje. Quem nos conhece vota no nosso projeto. Na pesquisa estimulada, já cheguei à faixa de 10%. Tenho um quarto da rejeição do Freixo.

Então, se você levar em conta índice de conhecimento, definição na espontânea, rejeição e potencial de voto, a nossa candidatura tem todas as condições de superar um dos dois e ir para o segundo turno. Indo para o segundo turno, não tenho dúvida de que vencemos Freixo ou, mais provável, Castro.

CC: É possível ter Lula em seu palanque? Você quer contar com a presença dele?

RN: O Ciro é o candidato do PDT e a candidatura é legítima. Agora, da mesma forma que no Ceará, penso que é fundamental construir no Rio de uma frente ampla que reúna os democratas.

Na medida em que há muitas lideranças do PT, do PSB e do PCdoB me apoiando, isso poderá acontecer em algum momento da campanha, em função do apoio dessas lideranças.

CC: “Isso”, então, seria a presença de Lula no palanque?

RN: Sim. O nosso candidato do PDT é o Ciro, mas, na medida em que há o apoio de lideranças como Quaquá, Waldeck, Ana de Holanda e Hildegard, além de outras lideranças intelectuais e políticas do Rio, evidentemente vamos construir a possibilidade de iniciar um novo ciclo no Rio de Janeiro com todas as candidaturas desse campo de diálogo, das forças democratas.

CC: Os ataques de Ciro a Lula dificultaram uma aliança formal com o PT no Rio?

RN: Eu não tenho dúvida de que é preciso manter o diálogo, as pontes, assim como se tenta fazer no Ceará. E nós vamos tentar fazer isso aqui no Rio de Janeiro, respeitada a legitimidade da candidatura do Ciro.

CC: A candidatura de Ciro deve ser mantida até o fim?

RN: O Ciro é o nosso candidato do PDT, tem um projeto nacional de desenvolvimento, coloca em evidência temas fundamentais, como aqueles relacionados ao rentismo, aos juros altos, à desindustrialização do Brasil. Construiu no Ceará uma das melhores experiências de gestão e de resultados na educação. Então, precisa ser evidentemente reconhecido, e a sua candidatura não está em debate dentro do PDT.

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