Apesar do presidente Jair Bolsonaro afirmar que “não tem mais conversa” com os outros poderes da República, durante protesto contra o sistema democrático brasileiro no domingo 3, a reação do poder Legislativo será a insistência no diálogo. Essa foi a declaração do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), em coletiva de imprensa, após ser perguntado sobre o que pode ser feito para obrigar Bolsonaro a respeitar a democracia.
“Olha, o Parlamento continua com as suas atribuições garantidas. Nós vamos continuar trabalhando, funcionando, aprovando as matérias que entendemos que são relevantes e rejeitando aquilo que possa vir do governo, ou de algum partido que a gente entenda que não tem apoio da base da sociedade através do Parlamento. Então, nós continuamos trabalhando, continuamos fazendo as nossas críticas”, disse Maia.
O presidente da Câmara reconheceu que a posição de diálogo não tem sido adotada pelo Palácio do Planalto, mas reforçou que os parlamentares vão seguir na tentativa de estabelecer “pontes” com o Executivo. Segundo Maia, os conflitos entre os poderes da República estimulam a saída de dólares do Brasil, devido à má sinalização oferecida aos investidores.
“Tenho certeza que o melhor caminho é o do diálogo, da construção de pontes. Infelizmente, não é o que vem acontecendo nas últimas semanas, mas esse é o caminho adequado para que a gente possa enfrentar a pandemia, para que a gente possa ter um número menor de mortes, de desempregados e de fechamento de empresas no Brasil”, defendeu.
No Twitter, Maia também postou uma nota de repúdio aos atos contra a democracia e contra as agressões aos jornalistas que cobriam os protestos em Brasília. Na mensagem, ele manifestou solidariedade aos jornalistas e profissionais de saúde que foram vítimas de violência nos últimos dias, e condenou o que chamou de “vírus do extremismo”.
Nesta segunda-feira 4, Bolsonaro declarou que as agressões devem ser sido feitas por “algum maluco infiltrado” no ato. O presidente recriminou “qualquer agressão”, mas colocou sob dúvida a veracidade das violências sofridas pelos profissionais da imprensa.
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