Política
Roberto Jefferson compara Cármen Lúcia a ‘prostituta’ por decisão contra a Jovem Pan
O bolsonarista atacou a ministra pela punição à emissora por divulgação de declarações ofensivas e distorcidas contra Lula


O ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB) atacou a ministra do Tribunal Superior Eleitoral Cármen Lúcia por votar a favor de punir a Jovem Pan por declarações ofensivas e distorcidas sobre o ex-presidente Lula (PT). O petebista é militante de Jair Bolsonaro (PL).
“Fui rever o voto da Bruxa de Blair, da Cármen Lúcifer, na censura prévia à Jovem Pan, e não dá para acreditar”, diz Jefferson em vídeo publicado nesta sexta-feira 21 pela filha dele, Cristiane Brasil. “Lembra mesmo aquelas prostitutas, aquelas vagabundas, arrombadas, que viram para o cara e dizem: ‘Benzinho, no rabinho é a primeira vez’. Ela fez pela primeira vez. Abriu mão da inconstitucionalidade pela primeira vez. Bruxa de Blair, é podre por dentro e horrorosa por fora.”
Na última segunda-feira 17, o TSE determinou que a Jovem Pan conceda três direitos de resposta ao PT por “divulgação de ofensas e fatos sabidamente inverídicos contra o candidato Luiz Inácio Lula da Silva”.
Dias antes, a Corte já havia aberto uma investigação contra a emissora para apurar possível tratamento privilegiado a Bolsonaro na cobertura da eleição. A decisão ocorreu no âmbito de um pedido apresentado pela campanha de Lula.
As decisões que concederam direito de resposta a Lula na Jovem Pan foram tomadas por 4 votos a 3. A maioria seguiu a divergência aberta pelo presidente do TSE, Alexandre Moraes, para quem “é evidente a veiculação de informação inverídica tendente a desinformar a população acerca do desfecho dos processos criminais” contra Lula.
Moraes foi acompanhado pelos ministros Ricardo Lewandowski, Cármen Lúcia e Benedito Gonçalves. A relatora, Maria Claudia Bucchianeri, foi vencida, ao lado dos ministros Raul Araújo e Sérgio Banhos.
O TSE também determinou que a emissora se “abstenha” de promover novas alegações de que Lula mente sobre ser inocente.
A Jovem Pan tratou as decisões como censura e determinou aos seus comentaristas o fim do uso de expressões como “ex-presidiário”, “descondenado” e “chefe de organização criminosa”. Jornalistas da emissora chegaram a ler receitas de bolo no ar, em alusão a uma prática dos tempos de ditadura militar.
Autor do vídeo com graves ataques a Cármen Lúcia, Jefferson foi detido pela Polícia Federal em agosto de 2021 por ordem do ministro Alexandre de Moraes, no âmbito do inquérito no Supremo Tribunal Federal sobre a atuação de milícias digitais contra a democracia.
Em janeiro deste ano, Moraes acolheu um pedido da defesa do ex-deputado e autorizou a progressão para prisão domiciliar.
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