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Ricardo Salles, que defendeu receber sem-terras à bala, será relator da CPI do MST

Com maioria bolsonarista, a tendência é que a CPI seja um foco de desgaste ao governo Lula

O ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles (Foto: Lula Marques)
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O ex-ministro do Meio Ambiente de Jair Bolsonaro e atual deputado federal pelo PL, Ricardo Salles, foi escolhido relator da comissão parlamentar que investiga as recentes iniciativas do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra.

A CPI foi instalada na tarde desta quarta-feira 17 em meio ao bate-boca entre os integrantes do colegiado e ataques ao MST.

Com maioria bolsonarista, a tendência é que a CPI seja um foco de desgaste para o governo Lula (PT). A presidência da comissão foi entregue ao deputado federal Tenente Coronel Zucco (Republicanos-RS).

Antes de ser indicado ao posto, a deputada Sâmia Bonfim (PSOL-SP) tentou barrar a escolha de Salles com base no Código de Ética. A parlamentar afirmou que o colega teria interesses pessoais no tema e citou os inquéritos em que ele é investigado. A questão de ordem, contudo, foi indeferida pelo presidente da comissão.

“Ele tem interesse ideológico, político e econômico. A gente sabe que a intenção dessa CPI é tirar foco dos verdadeiros crimes que foram realizados neste país”, declarou Sâmia.

A CPI do MST deve funcionar por 120 dias, com prazo para encerrar em 28 de setembro. As sessões acontecerão sempre às terças e quintas-feiras.

Salles, vale lembrar, tem um histórico de embates com o MST. Em 2018, quando concorreu à Câmara pelo Novo, ele utilizou panfletos no qual fazia alusões a armas e munições ao mesmo tempo em que pregava “tolerância zero” com o movimento. Seu número de urna – 3006 – era uma referência a um calibre de rifle, exibido no material junto a uma foto de sem-terras.

A relação do bolsonarista com o agronegócio também não é recente. Salles foi homenageado, quando ministro, em outdoors patrocinados por ruralistas de São Paulo pela atuação na pasta – o material exibia a fotografia dele e dizia: “o agronegócio está com você”.

Ele também é sócio de Gastão de Souza Mesquita Filho, empresário do agronegócio que figura como diretor da empresa Movimento Endireita Brasil, presidida por Salles.

O deputado também responde a alguns processos por delitos supostamente cometidos durante suas gestões no Ministério do Meio Ambiente e na Secretaria Estadual de Meio Ambiente em SP. Uma das investigações mira o envolvimento de agentes públicos na exportação de madeira ilegal no Pará.

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