Política

Relator do Orçamento contradiz Bolsonaro sobre reajuste de servidores: ‘Não sei de onde ele tirou’

‘Em nenhum momento foi trabalhado isso’, disse o deputado federal Hugo Leal (PSD-RJ)

O presidente Jair Bolsonaro em viagem ao Bahrein. Foto: Alan Santos/PR
Apoie Siga-nos no

O relator-geral do Orçamento 2022, deputado Hugo Leal (PSD-RJ), afirmou nesta terça-feira 16 que não sabe de onde o presidente Jair Bolsonaro tirou a ideia de reajustar os salários de todos os servidores públicos federais no ano que vem, caso o Senado aprove a PEC dos Precatórios.

Bolsonaro deu a declaração após um evento empresarial em Manama, no Bahrein, nesta terça.

“A inflação chegou a dois dígitos, então conversei com Paulo Guedes. Em passando a PEC dos Precatórios, tem que ter um pequeno espaço para dar algum reajuste. Não é o que eles merecem, mas é o que nós podemos dar. A todos os servidores federais, sem exceção”, afirmou o ex-capitão. Leal, porém questionou a declaração em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo.

“Não sei de onde ele tirou isso. Não está no nosso cálculo. Particularmente em nenhum momento foi trabalhado isso”, afirmou o parlamentar. “Eu não trabalhei com esse cálculo.”

Segundo o relator, o aumento dos salários dos servidores não faz parte de qualquer planilha produzida pela Comissão Mista de Orçamento. Consta apenas o reajuste pela inflação de aposentadorias e do Benefício de Prestação Continuada, por exemplo.

No Bahrein, Bolsonaro ainda disse que, “por causa da inflação, os servidores estão há dois anos sem reajuste” e, “com a questão da pandemia, isso [aumento] até se justifica, porque muita gente perdeu o emprego ou teve até seu salário reduzido”.

A PEC dos Precatórios foi aprovada em 2º turno pela Câmara em 9 de novembro por 323 a 172. Para ser promulgada, uma proposta de emenda à Constituição precisa obter pelo menos 308 votos na Câmara e 49 no Senado, em dois turnos.

Se avalizada também pelo Senado, a PEC abrirá espaço de 91,6 bilhões de reais no Orçamento de 2022, dos quais 83,6 bilhões tendem a ser destinados ao Auxílio Brasil – programa que joga uma pá de cal no Bolsa Família.

Ainda nesta terça, o ministro licenciado da Cidadania, João Roma, afirmou que “não está no elenco” do governo a utilização da PEC dos Precatórios para bancar o aumento salarial.

“O recurso dessa PEC está sendo destinado à área social do governo”, disse Roma a jornalistas. “Ela estabelece justamente o pagamento de 400 reais – mínimo – para cada beneficiário do Auxílio Brasil.”

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo