Política
Reforma ministerial não gera atritos entre governo Lula e o PT, avalia líder do partido no Senado
Em conversa com CartaCapital, Fabiano Contarato diz que a ‘dança das cadeiras’ faz parte do jogo político; senador acredita que ‘pautas caras’ ao PT serão mantidas, apesar das mudanças


Com o anúncio da reforma ministerial, que deve ocorrer nas próximas semanas, o governo Lula poderá abrir mão de ter o PT ocupando cadeiras importantes na Esplanada. A medida se dá em busca de apoio político do PP e Republicanos na Câmara dos Deputados. O foco é garantir sustentação para destravar pautas-chave, como a votação do arcabouço fiscal.
Em entrevista ao programa Direto da Redação, exibido no canal de CartaCapital no Youtube nesta terça-feira 15, o líder do PT no Senado, Fabiano Contarato (ES), esclarece que, embora o tema ganhe cada vez mais notoriedade, membros do Partido dos Trabalhadores encaram com tranquilidade a ideia de que haja uma ‘dança das cadeiras’ nos ministérios.
“Eu não acredito nesse raciocínio de que deixamos de ganhar com a reforma ministerial”, explica o parlamentar. “Acredito na convergência, isso [reforma ministerial] faz parte do arranjo político e da base de coalizão. Todos os partidos estão envolvidos nesse processo, as vezes um com mais destaque do que o outro. Mas o objetivo ainda é um só”, destaca o líder.
A CartaCapital, o senador disse ainda acreditar que, apesar das prováveis mudanças, o avanço das ‘pautas caras ao PT’ não deve ser interrompido. Para ele, o jogo político, defende, não impede que os temas sigam sendo pautados pelo governo, uma vez que, fazem parte do projeto escolhido pelos eleitores em 2022.
Questionado sobre a pressão de Arthur Lira, presidente da Câmara, pela reforma ministerial, o senador minimiza. Para ele, a pressão está dentro do esperado quando se fala em uma articulação que envolve 513 deputados.
“Uma coisa é ter articulação política com 513 deputados. No Senado, você tem 81 senadores, o que torna o grupo de coalizão bem mais sedimentado”, disse Contarato ao pontuar que protagonismo exercido pelo Senado na viabilização do governo Lula.
As joias e o golpismo
Ao abordar uma possível ligação entre as tentativas de desvio de presentes milionários e os atos golpistas de 8 de Janeiro, Contarato alerta que, embora os fatos, a primeira vista, pareçam não estar interligados, é preciso que uma investigação confirme a falta de conexão. Essa apuração, diz, deve ser feita pela CPMI.
“Defendo uma apuração rigorosa sobre as joias, para ver se elas tem ou não nexo causal com o 8 de Janeiro. Será que o dinheiro delas foi revertido e de alguma forma utilizado para difundir ou patrocinar o 8 de janeiro?”, questiona.
Assista a íntegra da entrevista:
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