Randolfe quer quebrar sigilos do auditor do TCU responsável por ‘contagem paralela’ das mortes por Covid

Na segunda-feira 7, Bolsonaro propagou fake news sobre os números da pandemia; Humberto Costa quer convocar o auditor

Os senadores Humberto Costa (PT-PE) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP). Foto: Leopoldo Silva/Agência Senado

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O vice-presidente da CPI da Covid, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), afirmou nesta terça-feira 8 que é urgente a necessidade de aprovar a quebra dos sigilos do auditor Alexandre Figueiredo da Silva, do Tribunal de Contas da União.

 

 

Segundo o jornal Correio Braziliense, Silva foi identificado como o autor do relatório falso citado pelo presidente Jair Bolsonaro – e atribuído ao órgão – que supostamente apontaria que as mortes por Covid-19 seriam “50% menores que o anunciado” pelos estados.

“Um auditor do TCU criminosamente interveio no sistema do tribunal e adulterou dados. Este é um sigilo que inevitavelmente terá de ser quebrado, logo, de imediato, por esta CPI”, disse Randolfe em entrevista coletiva.


“O que ocorreu ontem foi gravíssimo. O presidente espalhou uma notícia mentirosa sobre o TCU e, em seguida, foi desmentido pelo próprio TCU. Foi algo grave. É importante apurarmos por que esse auditor fez isso. Isso tem relação direta com a CPI. A quem interessa subestimar ou adulterar de forma triste e lamentável [os dados], em prejuízo à memória das 470 mil vítimas da Covid-19?”, acrescentou.

Também nesta terça, o senador Humberto Costa (PT-PE) protocolou um pedido de convocação do auditor. Para que Alexandre da Silva deponha à CPI, é necessário que a maioria dos 11 membros titulares acolha o requerimento de Costa.

Na segunda-feira 7, durante contato com apoiadores na porta do Palácio da Alvorada, Jair Bolsonaro propagou fake news sobre os dados relacionados à Covid-19 no Brasil.

“Primeira mão para você. Não é meu, é do tal do Tribunal de Contas da União, questionando o número de óbitos no ano passado por Covid. O relatório final não é conclusivo, mas em torno de 50% dos óbitos por Covid no ano passado não foram por Covid, segundo o Tribunal de Contas da União”, declarou o presidente.

Horas depois, o TCU emitiu uma nota oficial em que “esclarece que não há informações em relatórios do tribunal que apontem que ’em torno de 50% dos óbitos por Covid no ano passado não foram por Covid’, conforme afirmação do Presidente Jair Bolsonaro divulgada hoje”.

“O TCU reforça que não é o autor de documento que circula na imprensa e nas redes sociais intitulado ‘Da possível supernotificação de óbitos causados por Covid-19 no Brasil'”, reforça o comunicado.

Nesta terça, Bolsonaro admitiu que errou ao atribuir ao TCU o suposto relatório. Mas, sem apresentar evidências, insistiu na suposta existência de indícios sobre um exagero nas notificações de mortes pelo novo coronavírus.

 

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