Política

Quem são os alvos da PF por planejar assassinatos de Moro, promotor e outras autoridades

Entre os alvos da Operação Sequaz estão lideranças da maior facção do País, o Primeiro Comando da Capital, cujas listas de crimes são extensas

O ex-juiz Sergio Moro. Foto: Heuler Andrey/AFP via Getty Images
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A Polícia Federal desmantelou nesta quarta-feira 22 os planos de uma organização criminosa que planejava matar o senador Sergio Moro (União-PR), o promotor de Justiça Lincoln Gakiya e outras autoridades. Os crimes, segundo a PF, seriam cometidos em ao menos cinco estados. Entre os alvos da Operação Sequaz estão lideranças da maior facção do País, o Primeiro Comando da Capital, cujas listas de crimes são extensas.

Conhecido como “Forjado”, Patric Velinton Salomão figura nas investigações como um dos líderes do PCC. Ele é alvo de apurações pelos crimes de organização criminosa, tráfico de drogas e associação para o tráfico. Além disso, foi identificado pelo Ministério Público de São Paulo como o operador de transações milionárias feitas com dinheiro obtido pelo crime. Deixou a prisão em fevereiro de 2022 e está foragido.

Outro integrante da organização é Janeferson Aparecido Mariano Gomes, preso pela PF na operação desta quarta. Ele responde a um processo no Tribunal de Justiça de São Paulo por furto e extorsão mediante sequestro, uma das estratégias montadas pela quadrilha para atingir as autoridades.

No grupo ainda há, segundo as investigações, um homem apontado como elo entre o PCC e traficantes de drogas de países latino-americanos. Trata-se de Valter Lima Nascimento, o “Guinho”, condenado a quase duas décadas de prisão por tráfico de drogas. Considerado pela polícia um dos traficantes mais procurados de São Paulo, ele chegou a ser detido por diversas vezes, mas, em 2019, obteve um habeas corpus e foi solto.

Entre os alvos da operação, a PF ainda identificou Reginaldo Oliveira de Sousa, conhecido como “Rê”, suspeito de ser o mandante de dois ataques com tiros e lançamento de granadas a postos policiais, em 2003. No carro furtado em que ele foi preso, a polícia encontrou uma granada, que pode ligá-lo aos atentados que buscavam vingar a morte de Sílvio dos Santos Luiz, o Binho, integrante do PCC morto em tiroteio com policiais.

Outro criminoso alvo dos policiais é Sidney Rodrigo Aparecido Piovesan, “El Sid”, um dos chefões da facção. Ele estava preso por tráfico de drogas, mas foi liberado por ordem do Tribunal de Justiça de São Paulo. Desde que saiu do cárcere, dizem as investigações, vários corpos passaram a ser encontrados desovados em diversos pontos da capital paulista – a principal suspeita é de que as mortes fizessem parte do plano de vingança do criminoso.

Reações à Operação Sequaz

Após a revelação do atentado, Moro apresentou um projeto de lei para ampliar a proteção de autoridades que investigam o crime organizado. Com a proposta, a legislação passaria a reconhecer a “conspiração para obstrução de ações contra o crime organizado” e a “obstrução de ações contra o crime organizado” como delitos.

O ex-juiz ainda criticou uma declaração do presidente Lula (PT) contra ele, classificou a afirmação como “infeliz” e alegou que esse tipo de discurso incitaria a violência. Diante de tentativas de ligar os discursos aos planos de ataques criminosos contra Moro, o ministro da Justiça, Flávio Dino, repudiou a politização das investigações.

Políticos como ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) também comentaram o caso. De Orlando, nos Estados Unidos, ele tentou ligar o assassinato do ex-prefeito de Santo André (SP) Celso Daniel e a facada de que foi vítima em 2018 ao caso.

Bolsonaro escreveu: “Em 2002, Celso Daniel, em 2018 Jair Bolsonaro e agora Sérgio Moro. Tudo não pode ser só coincidência. O Poder absoluto a qualquer preço sempre foi o objetivo da esquerda. Nossa solidariedade a Sérgio Moro, Lincoln Gakiya e famíliares [sic]”.

Já a presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann, referindo-se a Sergio Moro, afirmou: “Juiz parcial, que não se importou com o ódio que alimentou com a Lava Jato, tem aula de civilidade e democracia do governo Lula”.

O presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, também se manifestou sobre o caso. Em uma rede social, ele comentou: “Quando se planeja um atentado contra a vida de autoridades e familiares, sejam elas de qualquer partido ou ideologia, adversários ou aliados, a ordem democrática precisa ser defendida”.

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