Política

Quem é Rubinho Nunes, fundador do MBL que quer criar CPI em SP para investigar o Padre Júlio Lancelotti

O vereador já acusou o ex-prefeito Fernando Haddad de criar ‘bolsa crack’ e já sofreu denúncia por uso de emendas parlamentares

(Foto: Bruno Wilker)
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A primeira semana do ano foi dominada pelo debate sobre a proposta, surgida na Câmara de Vereadores de São Paulo, de criar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que poderá ter como objetivo investigar a atuação de Organizações Não Governamentais (ONGs) que prestam serviços na região conhecida como Cracolândia.

Um dos possíveis alvos da CPI seria o padre Júlio Lancellotti, que atua há décadas na assistência de pessoas carentes na capital paulista. 

Organizações como a Craco Resiste e o Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto também poderiam ser investigadas, em caso de eventual instalação da comissão.

A iniciativa é do vereador paulistano Rubinho Nunes (União Brasil). Vereadores que chegaram a assinar o documento que pede a instauração da CPI chegaram a retirar as suas assinaturas após a divulgação da lista, passando a tecer críticas diretas ao parlamentar, que não teria indicado que o colegiado poderia investigar, por exemplo, Júlio Lancellotti.

No requerimento, o vereador lança mão de dois argumentos: primeiro, que é necessário apurar se as ONGs estão alcançando os resultados desejados, e, segundo, se haveria exploração dos dependentes químicos da região.

Apesar da formalidade na Câmara, Rubinho dispensa os eufemismos nas redes sociais. Na plataforma X – antigo Twitter, o vereador acusa o ex-prefeito de São Paulo e atual ministro da Economia do governo Lula (PT), Fernando Haddad, de ter criado o que chama de “Bolsa Crack”. 

O parlamentar, porém, não apresenta provas de que o ex-mandatário teria, de fato, incentivado, através das políticas públicas da gestão petista em São Paulo, o consumo de drogas.

Do ponto de vista político-eleitoral, o vereador já se manifestou dizendo que Lancellotti seria o “padre de Boulos”, em referência ao deputado federal e provável candidato à prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL-SP). 

Dessa maneira, a CPI, segundo o vereador, “não vai aliviar” sobre Júlio Lancellotti, a quem já chamou de “falso padre”. O vereador reclama o fato de que existiria uma “máfia da miséria” em São Paulo.

Quem é Rubinho Nunes

Advogado, Rubinho Nunes foi eleito vereador nas últimas eleições municipais, em 2020. Apesar da relativa curta carreira nas instâncias da Câmara, Rubinho Nunes já atuava, desde 2014, no Movimento Brasil Livre (MBL), tendo sido um dos seus fundadores.

Entre o início dos trabalhos no MBL e a chegada à Câmara, Rubinho Nunes começou a compor os quadros da direita mais radicalizada que surgiu no Brasil, desde, pelo menos, uma década.

Foi dele, por exemplo, o primeiro pedido de impeachment da história de uma ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), em 2016, contra o ex-ministro Marco Aurélio Mello. 

O PT também foi alvo de Rubinho em duas oportunidades: quando ele protocolou um dos pedidos de impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff (PT), e quando Rubinho entrou na justiça contra Lula, pedindo a suspensão dos direitos políticos na época em que o petista estava preso em Curitiba. 

Na Câmara paulistana, Nunes vem cumprindo a sua cartilha de campanha, especialmente no que se refere a organizações não governamentais que atuam para atenuar a situação de vulnerabilidade na capital.

No ano passado, por exemplo, Rubinho Nunes apresentou um projeto de lei (445/2023) que procurava estabelecer que organizações e pessoas que desejassem doar alimentos deveriam pedir autorização prévia na prefeitura. O projeto também buscava impor regras para a doação.

Outro marco do atual mandato dele diz respeito ao uso de emendas parlamentares. Segundo reportagem do site The Intercept Brasil, Nunes alocou cerca de 3,8 milhões de reais em emendas parlamentares, em 2021. 

Quase 60% desse valor, porém, fomentou organizações de cultura, em eventos, segundo a publicação, como uma festa de 80 anos, uma “festa da paz” e um campeonato de karatê. A publicação revelou que a organização mais beneficiada pela verba foi a igreja Mensagem de Paz. Nunes negou que tenha cometido irregularidades.

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