Política
Quem é o delegado Bruno Calandrini, que responderá por investigar Aras e Guedes
PF chegou a abrir sindicância interna após o delegado mirar a cúpula da corporação em caso envolvendo suspeitas no MEC
O delegado da Polícia Federal Bruno César Calandrini de Azevedo Melo virou réu em um caso que apura se ele cometeu abuso de autoridade ao pedir busca e apreensão contra o ex-procurador-geral da República Augusto Aras e o ex-ministro da Economia Paulo Guedes.
Na denúncia, o Ministério Público Federal argumenta que Calandrini levou adiante uma “investigação sem justa causa e sem autorização judicial” contra Aras. O órgão também citou que o delegado buscava a “satisfação de interesse pessoal” quando determinou diligências contra Guedes.
Delegado da PF desde 2007, Calandrini já enfrentou problemas internos na corporação. Em 2022, por exemplo, ele pediu ao Supremo Tribunal Federal a prisão de agentes que faziam parte da cúpula da corporação.
O caso diz respeito às suspeitas de corrupção no Ministério da Educação durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que levaram à saída de Milton Ribeiro do comando da pasta.
À época, Calandrini tentou interrogar Rodrigo Piovesano Bartolamei (da Superintendência de São Paulo) e Carlos Rodrigo Pelim (diretor do setor de combate ao crime organizado). A PF chegou a abrir uma sindicância contra ele.
Em resposta, o delegado disse, em mensagem vazada de um grupo de colegas, que havia interferência da própria PF na investigação. Ele levantou suspeitas de que uma “decisão superior” teria impedido a transferência de Ribeiro para Brasília (DF), quando o ex-ministro estava preso.
Calandrini chegou a ser afastado do cargo, em abril do ano passado, mas já retornou ao posto. Agora, a sua defesa terá dez dias para responder à acusação que corre na Justiça.
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