Política

PT e PSB enfrentam entraves em 8 estados para viabilizar federação

Os partidos buscam solucionar entraves para alianças em oito estados, incluindo grandes colégios eleitorais, como São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul

Márcio França e Lula. Fotos: Divulgação e Ricardo Stuckert
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Ao mesmo tempo em que seguem nas tratativas visando à formação de uma federação partidária para a eleição deste ano, PT e PSB buscam solucionar entraves para alianças em oito estados, incluindo grandes colégios eleitorais, como São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul. Nesses locais, lideranças de ambos os partidos acenam com projetos distintos e até conflitantes de candidaturas, na contramão do alinhamento nacional, estadual e municipal exigido pela federação. Nesta semana, as divergências entre as legendas foram impulsionadas pelo aparecimento de arestas na Paraíba e no Espírito Santo, onde até então havia sinalizações de acordos.

Dentre os oito estados com maior dificuldade para composições, lideranças de PT e PSB já vinham dialogando em quatro, mas hoje enfrentam impasses. Nos outros quatro locais, a tendência é que os partidos fiquem em campos opostos neste ano, salvo no caso de a federação ser definida nacionalmente. Enquanto a data-limite para que candidatos mudem de partido é o dia 2 de abril, o prazo para registro da federação só se esgota no fim de maio.

O PT já sinalizou que abrirá mão de candidaturas ao governo em Pernambuco e Rio para assegurar uma aliança nacional com o PSB, mas tem insistido na candidatura do ex-ministro e ex-prefeito Fernando Haddad ao governo de São Paulo. O estado, maior colégio eleitoral do país, com mais de 30 milhões de eleitores, é considerado decisivo para a disputa presidencial. Petistas argumentam que Haddad, além de propiciar um palanque próprio do PT para o ex-presidente Lula, tem apresentado melhor desempenho em pesquisas do que o pré-candidato do PSB, o ex-governador Márcio França. Já a cúpula do PSB sustenta que França é mais competitivo por aparecer com menor rejeição.

Na terça, França reuniu-se com Lula em São Paulo e disse após o encontro que os partidos devem caminhar juntos no estado, ainda que as conversas por uma federação não evoluam.

Além de São Paulo, pelo impacto eleitoral, há entraves entre PT e PSB no Paraná, em Mato Grosso do Sul, na Paraíba e em Alagoas, estados em que há posicionamentos conflitantes das duas siglas. A mais recente disputa surgiu no cenário paraibano, com o anúncio da filiação do governador João Azevêdo ao PSB, marcada para a manhã de hoje, e que contará com a presença do presidente nacional da sigla, Carlos Siqueira.

O movimento de Azevêdo ocorreu dias depois do lançamento da pré-candidatura de Veneziano Vital do Rêgo (MDB) ao governo, com apoio do ex-governador Ricardo Coutinho (PT), apresentado no evento como nome para concorrer ao Senado na chapa de oposição.

Azevêdo e Coutinho romperam politicamente depois da eleição de 2018 e descartam concorrer lado a lado, embora ambos defendam formar palanques para Lula na Paraíba. Coutinho, que deixou o PSB no ano passado e filiou-se ao PT com aval de Lula, enfrenta resistência no diretório estadual petista, no qual parte dos integrantes defende o apoio a Azevêdo. O ex-governador também tenta reverter sua inelegibilidade: ele foi condenado por abuso do poder político e econômico em 2014, e o prazo de afastamento das urnas se encerra quatro dias após o primeiro turno da eleição deste ano.

“Todas as pré-candidaturas do PT, inclusive a minha, obedecem à lógica de ampliar palanques para Lula. A aliança com o MDB na Paraíba segue uma tendência de outros estados do Nordeste, como Ceará, Alagoas e Bahia. Meu antecessor era do PSB, rodou e agora decide retornar num momento em que não há como reabrir discussões no estado”, afirma Coutinho.

Em Alagoas, onde o governador Renan Filho e o senador Renan Calheiros, ambos do MDB, abrirão palanque para Lula, o PSB tem como principal liderança o prefeito de Maceió, João Henrique Caldas. Adversário dos Calheiros, Caldas deve apoiar o senador Rodrigo Cunha (PSDB) ao governo.

Já em Mato Grosso do Sul e no Paraná, os entraves são motivados por apoios do PSB, respectivamente, ao prefeito de Campo Grande, Marquinhos Trad, e ao governador Ratinho Jr., ambos do PSD. Trad, pré-candidato ao governo, ofereceu ao PSB o posto de vice sob a condição de que o partido não formalize a união de quatro anos com o PT. No Paraná, embora uma ala do PSB apoie a federação para ampliar a bancada de deputados, o diretório estadual é alinhado a Ratinho Jr. e se posicionou contra a filiação do ex-senador e ex-governador Roberto Requião, que busca legenda para concorrer ao governo. Requião já recebeu uma sinalização pública de apoio do PT.

Em outros estados, como Rio Grande do Sul e Espírito Santo, PT e PSB apresentaram candidaturas próprias aos governos e aguardam a evolução do cenário nacional e local antes de retomar as tentativas de acordo. O governador capixaba, Renato Casagrande (PSB), irritou a direção do PT na última semana ao receber para uma reunião o ex-ministro e presidenciável Sergio Moro (Podemos). Em reação, o PT local lançou como pré-candidato ao Executivo o senador Fabiano Contarato, recém-filiado ao partido.

“Em nenhum momento, minha candidatura foi condição “sine qua non” para entrar no PT. Nossa prioridade é eleger Lula presidente”, disse Contarato, em discurso no evento de lançamento.

No PSB, a maioria dos diretórios estaduais sinalizou, em dezembro, ser favorável à federação com o PT. Os diretórios de Mato Grosso e do Distrito Federal, embora contrários, mantêm conversas por coligações locais. O diretório do Tocantins foi contra a federação com qualquer sigla.

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