Política
PT deve decidir até quarta-feira se apoiará a reeleição de Lira na Câmara
A prioridade do partido nos próximos dias, no entanto, será a tramitação da PEC da Transição, afirma José Guimarães, vice-presidente petista


O deputado federal José Guimarães (CE), vice-presidente nacional do PT, afirmou neste domingo 27 que o partido decidirá se apoia a reeleição do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), nos próximos dias. Segundo o petista, a “prioridade absoluta” do governo eleito de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é aprovar a PEC da Transição, a viabilizar o pagamento do Bolsa Família de 600 reais.
Em entrevista à CNN Brasil, Guimarães afirmou que o diálogo com Lira tem a PEC como elemento central. O presidente da Câmara teria se comprometido “a votar imediatamente” a proposta que for aprovada no Senado, a fim de acelerar a conclusão da tramitação.
“Evidentemente que Lira quer se reeleger e nós começamos a dialogar com ele sobre a nossa participação na reeleição, tendo em vista os interesses do governo. Isso é o que estamos fazendo, no sentido de, nessa semana, podermos fechar essa construção, anunciando a posição oficial do PT”, afirmou o vice-presidente do partido.
Segundo ele, uma definição ainda não foi anunciada porque o PT “tem ritos” e mantém diálogo com PCdoB e PV – com os quais forma uma federação – e com o PSB, do vice-presidente eleito Geraldo Alckmin.
“Pretendemos até quarta-feira concluir essa etapa, ou seja, nos lançarmos na perspectiva de uma composição com o atual presidente Arthur Lira, garantindo a nós, do PT, partidos da federação e ao novo governo uma ação institucional de respeito mútuo, com pautas.”
Lula terá uma semana decisiva para os rumos iniciais do novo governo. Ele deve desembarcar em Brasília nesta segunda-feira 28 com o objetivo de destravar as negociações em torno da PEC.
Ele também terá de lidar com a pressão para indicar seu ministro da Economia – ou da Fazenda, como deve voltar a se chamar a pasta a partir de 2023. Na sexta 25, Fernando Haddad (PT), o favorito para chefiar a área, representou o presidente eleito em um evento organizado pela Federação Brasileira dos Bancos, a Febraban.
A Proposta de Emenda à Constituição defendida pela equipe de Lula abre um espaço fora do teto de gastos de 198 bilhões de reais. Além de assegurar o novo Bolsa Família, poderia turbinar investimentos e recompor gastos em áreas prioritárias, como saúde e educação.
O novo governo defende que a licença para o Bolsa Família funcionar fora do teto deveria durar, no mínimo, quatro anos. A proposta, porém, enfrenta resistência no Parlamento, especialmente de lideranças do Centrão, que desejam avalizar o extrateto por apenas um ano. Seria uma forma de exercer nova pressão sobre Lula em 2023.
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