Economia

Plano A para a Fazenda, Haddad fala em nome de Lula a banqueiros, critica o teto e defende reformas

Ante um setor potencialmente hostil, o ex-prefeito classificou o presidente eleito como ‘um democrata que nasceu em uma mesa de negociação’

Foto: Reprodução/Febraban
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O ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT), o mais cotado a assumir o Ministério da Fazenda no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), participou nesta sexta-feira 25 de um evento organizado pela Federação Brasileira dos Bancos, a Febraban.

Lula, convidado para o evento, recupera-se de uma cirurgia para retirada de lesões na prega vocal esquerda, realizada no último domingo 20. Em seu lugar, Haddad prometeu “passar uma visão estratégica” do novo governo, com críticas ao teto de gastos e compromisso com reformas, em especial a tributária.

A uma audiência potencialmente hostil, também defendeu a necessidade de o País recuperar a institucionalidade e a harmonia entre os Poderes, após quatro anos de uma guerra deflagrada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) contra o Judiciário, especialmente o Supremo Tribunal Federal e o Tribunal Superior Eleitoral.

Segundo Haddad, Lula emitiu uma “determinação clara” de priorizar a reforma tributária. A primeira etapa do projeto diria respeito “a alguns tributos”, processo a ser seguido por “uma proposta de reformulação sobre renda e patrimônio, para completar o ciclo”. O petista pediu apoio do setor bancário à medida.

O possível novo ministro da Fazenda avaliou que a despesa no Brasil “piorou muito”, em meio a um Orçamento altamente problemático em setores como ciência e tecnologia, educação, meio ambiente e saúde. Ele listou como necessidades uma reconfiguração do Orçamento, a fim de conferir mais transparência aos gastos, a melhoria na qualidade dos investimentos e um “choque de gestão” para recuperar programas “que vêm perdendo funcionalidade”.

O teto de gastos, âncora a limitar os gastos do governo à inflação do ano anterior, foi alvo de críticas de Haddad. Lula e o conjunto do PT defenderam ao longo de toda a campanha o fim dessa trava fiscal.

“Recentemente, alguns artigos de economistas que têm o apreço desta audiência registraram que o teto de gastos, embora seja reputado como o que garantiu que a inflação não voltasse com a força que poderia, não conseguiu inibir uma piora da qualidade do gasto público. O orçamento público precisa ser reconfigurado, precisamos dar consistência ao gasto público”, defendeu o ex-prefeito.

Haddad ressaltou a importância de empresas públicas e privadas se aliarem em uma luta para recuperar a ciência e a tecnologia no País. Na avaliação dele, o Estado investe cada vez menos, mesmo diante de “uma janela de oportunidade como há muito não se vê”. Mencionou, por exemplo, os problemas enfrentados pelo mundo no setor de energia, em especial após o início da guerra na Ucrânia.

Ele também exaltou a execução de uma agenda para baratear o crédito e torná-lo “uma alavanca de desenvolvimento sustentável”. Ante um cenário de dramático endividamento das famílias, ele classificou como “tarefa essencial” “adimplência, crédito e acesso ao sistema bancário, porque é um outro pilar de sustentação do desenvolvimento econômico do Brasil”.

Fernando Haddad transmitiu, por fim, “uma mensagem clara” sobre Lula, classificado como “um democrata que nasceu em uma mesa de negociação”.

“Se ele é duro ou mole numa mesa, o papel dele é defender os interesses para os quais foi eleito. Hoje ele é a liderança do Brasil, e precisamos de alguém que saiba fazer negociação, sentar à mesa, sabendo que o objetivo é o melhor resultado para a comunidade. Ele não fará nada que não passe pelos poderes instituídos. Vai dialogar com o Congresso, o Judiciário, a sociedade, em busca do traço fino que vai nos levar à prosperidade. Essa é a vida dele.”

Como informa a edição desta semana da revista CartaCapital, Lula confidenciou a um interlocutor antes de embarcar para o Egito, neste mês, que para uma certa pasta tem um “plano A”: Haddad, para a Economia.

O ex-candidato a governador de São Paulo pelo PT era o único político ao lado de Lula nos quatro compromissos em Lisboa. Lá, o sucessor de Bolsonaro reuniu-se com o presidente Marcelo Rebelo de Sousa e depois com o primeiro-ministro, António Costa, almoçou com empresários e participou de um evento com a comunidade brasileira. “Temos certeza de que nós vamos recolocar o Brasil no trilho do desenvolvimento com justiça social”, afirmou o ex-prefeito a essa comunidade, síntese da razão de ser o favorito para a vaga de Paulo Guedes.

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