Política

PT avalia apoio a nomes de PSD e MDB ao governo de Mato Grosso

O partido não descarta lançar Domingos Garcia (PT) ou compor com Maria Lúcia (PCdoB), mas vê oportunidade de ampliar base de apoio com Carlos Fávaro (PSD), Percival Muniz (MDB) e Neri Geller (PP)

Carlos Fávaro e Percival Muniz. Fotos: Edilson Rodrigues/Agência Senaod e Prefeitura de Rondonópolis
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O PT de Mato Grosso avalia apoiar o senador Carlos Fávaro (PSD-MT) ou o ex-prefeito de Rondonópolis Percival Muniz (MDB) para o governo do estado. A possibilidade aumenta após Fávaro e o deputado federal Neri Geller (PP-MT) anunciarem apoio à pré-candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Planalto, nesta semana.

Um possível desenho da chapa em Mato Grosso teria o apoio do PT a Fávaro ou Muniz para o governo e a Neri Geller para o Senado. A posição ainda está sob análise, uma vez que o PT cogita endosso a outros dois nomes ao governo do estado: Maria Lúcia, pré-candidata do PCdoB, e Domingos Garcia, lançado pelo próprio PT em maio. Além disso, havia a perspectiva de ter a vereadora petista Enelinda Scalla para o Senado. Falta, ainda, saber se Fávaro e Muniz de fato se candidatariam ao governo.

De acordo com o presidente do PT em Mato Grosso, Valdir Barranco, Domingos Garcia teve “clareza” de que o seu nome estava colocado, mas de que “abrira mão” para uma composição mais ampla, assim como Maria Lúcia.

No caso do Senado, a discussão está mais encaminhada para apoiar Neri Geller.

“Estamos bem avançados nessa discussão para o Senado. E agora, nos próximos dias, vamos fechar o governo também. Neste momento, nós ainda não definimos nada com relação ao governo. Temos discutido, sim, com a possibilidade para o Fávaro, o MDB tem também o nome do ex-prefeito de Rondonópolis Percival Muniz, e a professora Maria Lúcia, que é outro nome da federação”, declarou Barranco em entrevista a CartaCapital.

Segundo Barranco, o PT pode pleitear a vice ao governo do estado, no caso de avanço do nome de Fávaro ou do de Muniz, ou colocar um nome próprio na 2ª suplência do Senado de Geller. A 1ª suplência ficaria com o Partido Verde, representado pela primeira-dama de Cuiabá, Márcia Pinheiro, esposa do prefeito Emanuel Pinheiro (MDB).

Para o presidente estadual do PT, é necessário “desmascarar a ideia de que o presidente do agro é o Bolsonaro”, porque, em sua avaliação, o ex-capitão “não fez nada” para o setor do agronegócio. Barranco diz que, apesar de se tratar de um estado conservador, vê essa consciência na porção do agro representada por Neri Geller e Carlos Fávaro.

“Temos convicção de que o melhor para contribuir com a vitória de Lula, inclusive com a possibilidade de ganharmos em Mato Grosso, algo que há um ano era impensável, é essa reaproximação, não só deles, mas também vamos buscar outros grupos políticos”, afirmou Barranco.

A articulação com os líderes do agro também é vista com bons olhos pela deputada federal Rosa Neide (PT-MT), que diz ter participado pessoalmente de pelo menos duas reuniões.

“Os governos Lula e Dilma apoiaram muito o agronegócio. O agronegócio de Mato Grosso é ‘antes’ de Lula e ‘depois’ de Lula”, comentou a parlamentar. “Muita gente do agronegócio reconhece isso. É o momento de alargar a base de apoio. Lula deixou claro que ele quer uma mesa onde os democratas do País possam sentar e discutir o Brasil.”

Essa possível composição com os líderes do agro gera, no entanto, críticas dentro do próprio PT.

Em entrevista a CartaCapital, o deputado estadual Lúdio Cabral (PT-MT) disse ver com naturalidade que Lula dialogue com diferentes setores, mas considera esse arranjo como “vergonhoso”, por ver uma “subordinação” de seu partido ao projeto dos representantes da bancada ruralista.

“Aqui em Mato Grosso, o PT se subordinar ao projeto do agronegócio é um equívoco, é vergonhoso. E, eleitoralmente, há uma contradição programática evidente. Mesmo do ponto de vista eleitoral, não nos beneficia, porque descaracteriza a nossa identidade aqui em Mato Grosso”, avaliou o parlamentar.

Cabral defende o lançamento de nomes do campo progressista para o governo e o Senado. Ele diz ser necessária a construção de uma alternativa ao que chama de “projeto dos muito ricos que governam o estado e querem fazer de Mato Grosso uma grande fazenda produtora de commodities para concentrar riqueza”.

Nas pesquisas eleitorais, o nome favorito nas intenções de voto é o do atual governador, Mauro Mendes (União Brasil), que deve compor palanque com Bolsonaro. Segundo levantamento Real Time Big Data, Mendes aparece com possibilidade de se reeleger já no primeiro turno.

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