Política

Protesto contra Reforma da Previdência em SP tem bombardeio por agentes de segurança

A Câmara Municipal analisa o ‘pacote de maldades’ proposto pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB)

Protesto em São Paulo em novembro de 2021 reuniu centenas de servidores. Foto: Alexandre Linares/Sindsep
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Houve truculência em protesto de servidores na cidade de São Paulo, nesta quarta-feira 10. Os funcionários da administração municipal se manifestavam contra a Reforma da Previdência do prefeito Ricardo Nunes (MDB).

De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores na Administração Pública, pelo menos três pessoas passaram mal ou ficaram feridas após ação policial. Nas redes sociais, a organização divulgou imagens do momento em que uma servidora era socorrida com ferimentos por uma bomba e informou que ela teve uma perna fraturada. A funcionária, não identificada, foi removida por um veículo do Corpo de Bombeiros.

Presidente do Sindicato, Sérgio Mantiqueira afirmou que os manifestantes precisaram recuar, diante de ações constantes dos agentes de segurança.

“Foi bomba atrás de bomba na frente da Câmara. Mas o comando policial veio conversar com a gente. Não vimos eles jogarem bombas. A orientação do comando era não reagir contra os servidores”, disse o sindicalista, ouvido por CartaCapital. “O que veio, veio de dentro da Câmara”, acrescentou.

Lourdes Estevão, uma das diretoras do Sindicato, afirmou que a Câmara e a Prefeitura “estão respondendo ao direito de mobilização com a Polícia e com bombas” e que a funcionária com perna fraturada não foi a única vítima.

“Nós também tivemos outros trabalhadores que foram asfixiados com as bombas, e outra trabalhadora foi atingida de raspão pelas balas de borracha”, disse.

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo declarou que “agentes da Guarda Civil Metropolitana atuam no local e a PM permanece de prontidão no entorno para apoiar as ações, se necessário”. A pasta afirmou que ainda não há registro de detidos.

Já a GCM disse que os seus agentes “sofreram investidas dos manifestantes, que buscavam adentrar o prédio” e que “os protocolos de uso progressivo da força foram utilizados para conter a situação e evitar danos” (nota na íntegra ao fim da publicação).

Ao longo do dia, centenas de trabalhadores do município se reuniram em frente à Câmara Municipal, no centro da cidade, para impedir a aprovação da reforma em 2º turno. O 1º turno da votação ocorreu em 14 de outubro.

Segundo os trabalhadores, o projeto chamado de “pacote de maldades” representará cortes de salários e de condições de acesso à aposentadoria. Além disso, 63 mil aposentados serão obrigados a arcar com contribuições maiores.

Como mostrou CartaCapital, a tramitação da reforma foi questionada judicialmente pela vereadora Erika Hilton (PSOL), devido à dispensa de licitação na contratação da empresa que realizou o estudo fiscal que fundamenta a reforma da Prefeitura.

Os servidores também criticam o ato de Ricardo Nunes que autorizou o aumento em 30% de salários para funcionários de sua confiança, em cargos comissionados – aqueles preenchidos por indicação política. A ampliação deve beneficiar subprefeitos, chefes de gabinete e secretários-adjuntos.

Veja nota da GCM na íntegra

A Prefeitura de São Paulo mantém diálogo permanente com todas as entidades sindicais e reafirma a preocupação com a sustentabilidade do sistema previdenciário municipal e com a responsabilidade fiscal. O déficit atuarial estimado para longo prazo atualmente é de R$ 171 bilhões, um dos principais riscos fiscais do município. Com a proposta, a estimativa é que esse rombo seja reduzido em R$ 111 bilhões, ou seja, queda de 65% no déficit.

A atuação da Secretaria Municipal de Segurança Urbana, por meio da Guarda Civil Metropolitana, tem por objetivo garantir a segurança do local, dos manifestantes e servidores do legislativo municipal. Os agentes sofreram investidas dos manifestantes, que buscavam adentrar o prédio. Os protocolos de uso progressivo da força foram utilizados para conter a situação e evitar danos.

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