Justiça

Preso na Espanha, ‘candidato mais rico do Brasil’ depende do governo Lula para reviravolta

O caso ainda envolve risco de extradição à Bolívia por acusação de estelionato

Preso na Espanha, ‘candidato mais rico do Brasil’ depende do governo Lula para reviravolta
Preso na Espanha, ‘candidato mais rico do Brasil’ depende do governo Lula para reviravolta
O empresário João Henrique Pinheiro. Foto: Reprodução/TSE
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O empresário João Henrique Pinheiro obteve uma vitória no Tribunal de Justiça de São Paulo, mas aguarda a mobilização do Ministério da Justiça para deixar a prisão preventiva na Espanha e retornar ao Brasil a fim de cumprir uma pena por estelionato.

Além da prisão em Madri, Pinheiro é alvo de um pedido de extradição à Bolívia em outro caso de suposto estelionato. Conhecido em 2024 como o candidato a prefeito mais rico do Brasil, ele disputou pelo PRTB a eleição em Marília, no interior paulista, e declarou 2,85 bilhões de reais em bens ao Tribunal Superior Eleitoral.

Terminou o pleito, porém, em quinto lugar, com apenas 3.397 votos. Vinícius Camarinha (PSDB) venceu a disputa com 62.050 votos.

Pinheiro está preso na Espanha desde 27 de maio deste ano, após ser incluído na lista de difusão vermelha da Interpol, a pedido da Bolívia.

Diante do risco dobrado — prisão espanhola e possível extradição à Bolívia —, a defesa do empresário apresentou um requerimento de extradição ao TJ-SP, a fim de que ele cumpra no Brasil uma pena de dois anos de prisão em outro processo por estelionato.

O juiz Luis Augusto Campoy acolheu o pedido na última quarta-feira 12, sob o argumento de que há uma condenação transitada em julgado — ou seja, sem possibilidade de recurso — com uma pena a ser cumprida no Brasil. Ele avaliou também que o caso se enquadra no tratado de extradição entre Brasil e Espanha.

Na condenação original, o TJ-SP substituiu a sentença de dois anos e seis meses de prisão em regime aberto por duas penas restritivas de direitos: prestação pecuniária de dez salários mínimos e prestação de serviços à comunidade.

Com a prisão na Espanha e o risco de extradição à Bolívia, no entanto, a defesa informou que Pinheiro não pretende cumprir as penas alternativas, mas a sentença de prisão em regime aberto.

“Este pedido demostra de forma expressa o interesse do Estado brasileiro de exercer sua jurisdição penal considerando a preferência do Brasil na custódia do nacional para o cumprimento da pena de 02 anos no Brasil”, escreveu Campoy na decisão.

O juiz mandou notificar o Ministério da Justiça para adotar as providências necessárias à solicitação da extradição. CartaCapital procurou a assessoria de imprensa da pasta, mas ainda não obteve resposta. O espaço segue aberto.

Em contato com a reportagem, o advogado de Pinheiro, Luiz Eduardo Gaio Junior, afirmou que a extradição ao Brasil tem preferência sobre uma eventual extradição à Bolívia, por se tratar de um brasileiro nato com sentença final a ser cumprida em seu país. “Na Bolívia ainda há presunção de inocência, porque não tem decisão condenatória”, declarou.

No fim de setembro, o ex-candidato sofreu mais uma derrota no Supremo Tribunal Federal ao apelar contra os atos do Judiciário espanhol: por 11 votos a zero, o plenário chancelou uma decisão de Luís Roberto Barroso que rejeitava um habeas corpus.

Ao negar a demanda original da defesa, Barroso afirmou que o STF não é competente para processar e julgar um pedido contra a Justiça da Espanha.

Segundo o jornal boliviano El País, Pinheiro é acusado de fraudar dezenas de produtores de cana-de-açúcar em Bermejo, em um projeto empresarial fracassado. Ao veículo, Rodolfo Garzón, líder da Federação dos Produtores de Cana-de-Açúcar do Sul, disse esperar que a Justiça da Espanha acolha o pedido de extradição. “Concluímos todos os trâmites necessários”, sustentou.

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