Justiça

Presidente do STM reage a críticas e acusa colega de ‘tom misógino’

Maria Elizabeth Rocha defendeu o pedido de desculpas feito em ato pelos 50 anos da morte de Vladimir Herzog e afirmou que conhece ‘muito bem a história’ da Justiça Militar

Presidente do STM reage a críticas e acusa colega de ‘tom misógino’
Presidente do STM reage a críticas e acusa colega de ‘tom misógino’
A presidente do STM Maria Elizabeth Rocha. Foto: Ana Araújo/CNJ
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A presidenta do Superior Tribunal Militar, Maria Elizabeth Rocha, reagiu nesta terça-feira 4 às críticas do ministro Carlos Augusto Amaral Oliveira, que havia sugerido que ela deveria “estudar um pouco mais” sobre a história do tribunal após seu discurso pedindo perdão às vítimas da ditadura militar.

Em pronunciamento na abertura da sessão plenária, Elizabeth afirmou que não aceita “o tom misógino” adotado pelo colega e disse que a fala teve caráter de “ataque pessoal”. “Por certo, a divergência de ideias é legítima. O que não é legítimo é o tom misógino, travestido de conselho paternalista sobre ‘estudar um pouco mais’ a história da instituição”, declarou. “Essa agressão desrespeitosa não atinge apenas esta magistrada; atinge a magistratura feminina como um todo.”

A ministra destacou que integra o STM há quase duas décadas e que conhece “bem a história da corte castrense e da ditadura militar”. “Uma memória bem catalogada, onde não há dúvidas sobre seus contornos”, afirmou.

Elizabeth também esclareceu que o pedido de perdão feito durante o ato ecumênico em homenagem a Vladimir Herzog, realizado em 25 de outubro na Catedral da Sé, foi uma manifestação pessoal, feita “na condição de presidente do STM”, e não em nome de todos os ministros.

“Jamais teria o que dizer no nome do ministro Amaral Oliveira. A tentativa de ampliar o alcance das minhas palavras demonstra pretexto para ataque pessoal”, disse.

A reação ocorre após Amaral Oliveira, tenente-brigadeiro da Aeronáutica, ter considerado o discurso de Elizabeth “superficial” e de “abordagem política”. 

Durante o ato em São Paulo, a presidente do tribunal havia pedido perdão “a todos que tombaram e sofreram lutando pela liberdade no Brasil” pelos “erros e omissões judiciais cometidos durante a ditadura”, sendo aplaudida pelo público. 

O ministro Amaral Oliveira negou ter sido misógino e sugeriu uma reunião reservada entre os integrantes da Corte para discutir o impasse.

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