Justiça
Presidente de sindicato investigado em fraude do INSS fica em silêncio na CPMI
O dirigente sindical conhecido como Milton ‘Cavalo’, alvo de nova fase da Operação Sem Desconto, recebeu habeas corpus de Flávio Dino e respondeu apenas uma pergunta no colegiado
Milton Baptista de Souza Filho, conhecido como Milton ‘Cavalo’, é presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos da Força Sindical (Sindnapi) há dois anos. Nesta quinta-feira 9, ele compareceu à CPMI do INSS como testemunha, mas permaneceu em silêncio durante a maior parte do depoimento, respondendo apenas à pergunta do relator sobre o tempo de presidência do sindicato.
Mais cedo nesta quinta-feira, Milton foi alvo de mandados de busca e apreensão em São Paulo, como parte da nova fase da Operação Sem Desconto, deflagrada pela Polícia Federal e pela Controladoria-Geral da União. A investigação apura descontos indevidos em aposentadorias e pensões, lavagem de dinheiro e atuação de associações de fachada que teriam prejudicado beneficiários do INSS.
Para garantir sua proteção, Milton recebeu habeas corpus do ministro do STF, Flávio Dino, que assegurou que ele poderia permanecer em silêncio, ter acompanhamento integral de advogado e não sofrer qualquer “constrangimento físico ou moral” durante o depoimento. A decisão ressaltou que, embora fosse convocado como testemunha, há indícios de que ele também poderia ser considerado investigado, garantindo o direito de não produzir provas contra si.
O Sindnapi, presidido por Milton, movimentou 1,2 bilhão de reais desde 2019, incluindo 6,5 milhões de reais em dinheiro vivo, segundo dados do Coaf. Entre seus diretores está José Ferreira da Silva, o Frei Chico, irmão do presidente Lula (PT), que ocupa a vice-presidência da entidade, mas não é alvo das investigações.
Durante o depoimento à CPMI, Milton manteve postura silenciosa, cumprindo apenas formalidades e evitando comentar sobre a atuação do sindicato ou as denúncias que motivaram a operação da PF nesta quinta-feira.
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