Política

Presidente de comissão sobre crise Yanomami entrou ilegalmente em terra indígena, aponta Funai

Senador Chico Rodrigues é um defensor do garimpo e teria ido ao local sem as autorizações adequadas

Presidente de comissão sobre crise Yanomami entrou ilegalmente em terra indígena, aponta Funai
Presidente de comissão sobre crise Yanomami entrou ilegalmente em terra indígena, aponta Funai
Foto: Graziele Bezerra/ Rádiojornalismo/EBC
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O senador Chico Rodrigues (PSB-RR) entrou na terra indígena yanomami de forma irregular nesta segunda-feira, de acordo com a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai). Ele teria, segundo a entidade, pousado em Surucucu sem ter as autorizações necessárias.

A Funai já informou o Ministério dos Povos Originários e o Ministério Público Federal em Roraima, que pediu informações ao gabinete do parlamentar, à Funai e ao Centro de Operação de Emergências (COE).

Ele foi ao local, segundo a Funai, sem que houvesse um acordo prévio com o COE e sem qualquer autorização da fundação. A entrada, portanto, estaria irregular diante dos critérios estabelecidos em portaria do governo federal. Há um mês, só podem entrar no local profissionais de saúde e saneamento vinculados à Sesai, servidores da Funai e agentes públicos em missão.

Há, ainda segundo a determinação, diversas exigências que precisam ser cumpridas antes da entrada na terra indígena. A apresentação do cartão de vacinação, além de um teste negativo de Covid-19 realizado em 24 horas são algumas das medidas a serem adotadas. Não há registros de que o senador tenha cumprido os requisitos.

Rodrigues é um defensor do garimpo em terras indígenas. Ele foi eleito pelos senadores como presidente da comissão temporária da Casa sobre a situação dos yanomamis. Dias depois, classificou como ‘totalmente primitivo’ o modo de vida dos indígenas. A declaração foi duramente criticada por entidades que cobram a saída do parlamentar do cargo.

Em nota enviada ao jornal Folha de S. Paulo, a assessoria do senador disse que ele não precisaria de autorização para entrar na terra indígena por ter ido ao local com o Exército. Não há no regramento do governo federal previsão para tal exceção.

“Ele não precisa de autorização da Funai nem do COE. Estava com o Exército. Houve um sobrevoo por região de garimpo, e depois ele foi a Surucucu, onde desceram. A viagem foi para que o senador tivesse um diagnóstico do problema, de forma a orientar os trabalhos da comissão”, disse a assessoria de Rodrigues.

Apesar das alegações, outros integrantes da comissão no Senado já haviam alertado Rodrigues sobre a necessidade de autorização para a entrada no local. Ele esteve em Roraima sem a presença de intérpretes ou servidores dos órgãos de saúde e proteção dos indígenas. Nenhum outro parlamentar que integra a comissão acompanhou Rodrigues.

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