Política

Presidente da Petrobras defende flexibilidade para dividendos, mas diz que não há discussão sobre novas regras

Jean Paul Prates também classificou o PPI como uma ‘abstração’, e indicou que a empresa pode seguir outros parâmetros para se orientar

Jean Paul Prates, novo presidente da Petrobras. Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado
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O novo presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, afirmou que ainda não foi estabelecida uma discussão sobre novas regras para a política de dividendos da estatal. Segundo ele, a sua gestão deve seguir com o cumprimento das normas que já existem.

A declaração ocorreu nesta quinta-feira 2, durante entrevista coletiva no Rio de Janeiro.

A afirmação de Prates é posterior às críticas que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez ao balanço de dividendos da Petrobras em 2022, que constatou uma distribuição superior a 215 bilhões de reais aos acionistas, o dobro de 2021. Para Lula, o valor é inaceitável.

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, também chamou o número de “escandaloso” e de “indecente” e declarou que “essa riqueza tem de ser partilhada com o país”.

Prates, no entanto, diz que a sua posição é obedecer a diretriz que já existe, inclusive, no que diz respeito à distribuição trimestral dos dividendos.

“Nós vamos cumprir a regra do dividendo que estava lá, que é de 60% do fluxo de caixa livre, que é um pouco diferente do lucro líquido e que já estava sendo distribuído dessa forma consistentemente”, declarou o petista. “Não existe, ainda, posta, uma discussão de uma nova regra.”

Prates enfatizou que “há uma regra escrita que diz isso” e que “há um comportamento de distribuir isso trimestralmente”. O dirigente da estatal afirmou, ainda, que defende uma regra “solta” para a política de distribuição dos dividendos e que “quanto mais flexibilidade, melhor”.

“Eu, particularmente, imagino que dividendos têm que ser uma regra um pouco solta. A empresa tem que ter a liberdade de, o tempo todo, propor um trade-off com o acionista”, disse.

Em relação à Política de Paridade de Importação, o PPI, Prates também afirmou que deve seguir as regras que já estão postas e que a política de preços “é uma questão de governo”.

O presidente da estatal, porém, classificou o PPI como uma “abstração”, e que pode seguir outros parâmetros para se orientar pelas referências internacionais de preços.

A política de preços vinculada às oscilações do exterior foi estabelecida durante o governo de Michel Temer (MDB) e recebeu inúmeras críticas do presidente Lula durante a campanha.

“O próprio PPI é uma abstração. Parece que virou um dogma. Agora, tudo é PPI. Não é necessariamente assim. O mercado brasileiro é diferente”, afirmou Prates. “PPI não é paridade internacional. Não seguir o PPI não quer dizer se afastar da referência internacional. PPI é paridade de importação.”

Prates prosseguiu, com a promessa de que irá ‘defender’ a Petrobras: “Nós vamos nos defender. Enquanto houver fatia de mercado para a Petrobras captar, ela vai captar. Agora, como foi antes, deixar entrar concorrentes e aplicar um preço abstrato só para favorecer o meu concorrente, eu não posso admitir que faça isso.”

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