Política

Premiê de Israel desiste de ir à posse de Jair Bolsonaro

Benjamin Netanyahu cancela presença devido à crise política em seu país, mas mantém encontro com o presidente eleito no Rio.

Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel. Crédito: Menahem Kahana /AFP Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel.
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O presidente eleito Jair Bolsonaro não contará mais com a presença do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, em sua posse em 1º de janeiro em Brasília. Segundo jornais brasileiros, o premiê precisou encurtar a viagem ao Brasil devido à antecipação das eleições israelenses em meio a uma crise política no país.

Netanyahu era o principal líder estrangeiro que participaria da posse de Bolsonaro na capital federal. Mesmo assim, o premiê deverá chegar ao Rio de Janeiro na próxima sexta-feira 28 pela manhã e almoçar com o presidente eleito no Forte de Copacabana, na zona sul da cidade. Ele deve retornar a Israel no domingo.

Além disso, Bolsonaro anunciou que seu futuro ministro da Ciência, Marcos Pontes, vai visitar Israel em janeiro para estabelecer um projeto de cooperação na área de dessalinização de água para beneficiar a agricultura da região nordestina. Segundo o presidente eleito, as negociações para o projeto de cooperação estão “muito bem encaminhadas”.

O líder israelense, juntamente com os chefes da coalizão do governo, anunciaram na segunda-feira a convocação de eleições antecipadas para abril de 2019, meses antes da data prevista para o fim do atual mandato, que seria em novembro. O Knesset (Parlamento) será dissolvido e a coalizão atual continuará governando durante as eleições.

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A convocação do pleito acompanha uma crise governamental devido ao desacordo em relação a um projeto de lei para aumentar o recrutamento ao serviço militar obrigatório entre os judeus ultraortodoxos e, ainda, no momento em que a procuradoria cogita acusar Netanyahu de vários casos de corrupção pelos quais é investigado há meses.

A alteração na agenda do premiê israelense partiu da avaliação de que ele não poderia ficar uma semana fora de Israel durante a abertura do processo eleitoral no país. A não participação de Netanyahu na posse presidencial brasileira é considerada um grande revés para Bolsonaro, já que Israel e Estados Unidos integram a linha de frente da política externa do próximo presidente.

Após ter recebido uma ligação do presidente americano, Donald Trump, saudando a vitória nas urnas, bem como uma visita de John Bolton, assessor de Segurança Nacional dos Estados Unidos, o capitão reformado chegou a afirmar que havia a possibilidade de Trump viajar a Brasília para a posse. Contudo, a Casa Branca acabou informando mais tarde que o representante de Washington em 1º de janeiro será o secretário de Estado americano, Mike Pompeo.

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Em 2011, quando a ex-presidente Dilma Rousseff tomou posse em seu primeiro mandato, os Estados Unidos enviaram uma delegação liderada pela então secretária de Estado, Hillay Clinton. Quatro anos depois, em 2015, foi o então vice-presidente americano, Joe Biden, que participou da cerimônia que deu início ao segundo mandato da petista.

A comunidade internacional vê com hesitação mudanças da diplomacia brasileira em posturas tradicionais. A futura administração de Bolsonaro já confirmou que quer transferir a embaixada brasileira em Israel de Tel Aviv para Jerusalém, além de ameaçar retirar o Brasil de tratados internacionais, como o pacto global para migração da ONU e o Acordo de Paris sobre o clima.

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