Economia

‘Prefiro que ele feche a cara e nós logremos êxito’: o recado de Alexandre Silveira sobre Jean Paul Prates

No centro da crítica está a política de gás natural no Brasil

Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil
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O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, elevou o tom nas críticas ao presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, devido à política de gás natural no Brasil. As declarações foram concedidas durante seminário realizado pelo grupo Esfera Brasil no Rio de Janeiro, nesta sexta-feira 16.

Silveira argumenta que a estratégia da empresa de reinjentar mais de 40% do gás produzido em suas plataformas prejudica o crescimento do País. O ministro sugeriu que o governo utilize sua maioria no Conselho de Administração da companhia para rediscutir o volume de combustível aplicado nos campos do pré-sal.

Ele também afirmou que Prates tem sido “negligente” em relação ao tema. “Entre agradar Jean Paul e cumprir o compromisso do governo com a sociedade brasileira de gerar emprego, oportunidade e [reduzir] desigualdade, eu prefiro que ele feche a cara e que nós possamos lograr êxito“, disse.

O ministro disse ainda que as unidades de processamento de gás natural da Petrobras estão “completamente sucateadas” e poderiam produzir mais.

“A média mundial de reinjeção das petroleiras no mundo é bem menor. Os Estados Unidos reinjetam 12,5% do seu gás para impulsionar produção de petróleo. A África, 23,9%, e a Europa, 24,7%. O Brasil reinjeta 44,6% do gás.”

A técnica de reinjeção de gás nos campos de petróleo funciona da seguinte forma: o insumo é reinserido pelas petroleiras nos locais de exploração para aumentar a pressão e, assim, conseguir obter mais óleo dos poços. O método impede, por exemplo, o lançamento de poluentes na atmosfera com a queima do gás, mas restringe a exploração do potencial do produto em terra firme.

Esta não é a primeira vez que Silveira sobe o tom nas críticas à política de gás da Petrobras. Na quinta-feira, o ministro acusou o comando da estatal de “negligência” e disse existirem “distorções inexplicáveis” na atuação da companhia, “inclusive do ponto de vista ético e moral”.

As declarações feitas ao Valor Econômico ocorreram dias após Prates negar que poderia haver maior disponibilidade de gás no Brasil se fosse reduzido o volume do combustível reinjetado no processo de produção.

“O presidente da Petrobras dizer que nada pode ser feito é, no mínimo, para quem tomou posse há cinco meses, negligência”, afirmou Silveira ao jornal. “Entre o sorriso do Jean Paul e o interesse dos brasileiros, fico com o interesse dos brasileiros.”

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