Política

Postura ‘tucana’ de Haddad e legado social do PT agradam o eleitor paulista, indica pesquisa

Levantamento encomendado pelo PT, obtido com exclusividade por ‘CartaCapital’, mostra como o pré-candidato deve enfrentar os desafios da campanha

Foto: Ricardo Stuckert
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Uma pesquisa qualitativa encomendada pelo PT para nortear a campanha de Fernando Haddad ao governo de São Paulo traz algumas pistas a respeito dos desafios que irão pautar a eleição estadual.

A percepção sobre Haddad, que lidera a corrida eleitoral no estado, é ‘majoritariamente positiva’, diz o levantamento, obtido com exclusividade por CartaCapital. O pré-candidato, contudo, é mais lembrado pela candidatura à Presidência em 2018 do que pela gestão à frente da prefeitura da capital paulista de 2013 a 2016.

A maioria também tem pouco conhecimento sobre o período em que ele foi ministro da Educação. “Ainda que conheçam o ProUni e o potencial transformador do programa, poucos sabem que foi Haddad o responsável”, apontam os pesquisadores.

A favor do ex-prefeito, há o fato de o antipetismo, que marcou as eleições municipais de 2016 e nacionais de 2018, ter se diluído ‘consideravelmente’. “A crise sanitária, seguida de uma profunda crise econômica e a má avaliação do governo Bolsonaro parecem ter reposicionado o PT no imaginário da amostra”, diz trecho da pesquisa.

O levantamento revela ainda alguns lugares-comuns do imaginário do eleitor paulista. Tanto da capital quanto do interior os entrevistados associam a imagem do estado a termos como ‘São Paulo como coração do Brasil’, ‘modernidade e dinamismo’, ‘postura de seriedade e civilidade’ e ‘trabalho, inventividade e empreendedorismo’.

Neste caso, as principais referências citadas pelos entrevistados são políticos tradicionais do PSDB (Mário Covas, José Serra, Geraldo Alckmin e Bruno Covas), o ex-prefeito e ex-deputado Paulo Maluf, e, mais timidamente, principalmente na capital, quadros ligados ao PT e à esquerda, como o vereador Eduardo Suplicy, as ex-prefeitas Marta e Luiza Erundina, além de Haddad e Guilherme Boulos (PSOL).

O cenário favorável a Haddad se concretiza, portanto, em sua imagem – que, segundo os pesquisadores, “supera a barreira de um certo preconceito contra o PT e goza da credibilidade de um ‘político do PSDB'”. Haddad é visto “como intelectual, sensato, estudado, com postura, afeito ao diálogo”

“Por outro lado, [Haddad] se beneficia do caráter popular do partido. Ao contrário dos políticos do PSDB que padecem de críticas com relação ao elitismo, o PT é tido como um partido que tem verdadeiro compromisso com os mais pobres“.

Como mostrou CartaCapital, um outro levantamento interno encomendado pelo partido revelou que Haddad tem 32% das intenções de voto no estado. O petista teria uma vantagem de 20 pontos para o segundo colocado, o ex-governador Márcio França (PSB).

O impacto eleitoral da crise

Os eleitores colocam a crise econômica como o maior problema a ser enfrentado em São Paulo. “Há a percepção de que o estado já foi melhor gerido no passado e já viveu momentos em que a percepção de ‘terra de oportunidades’ já fez mais sentido”, ressalta a pesquisa.

Parte dos entrevistados chega a dizer que a vida era melhor há certa de 10 e 15 anos. Os responsáveis pela bonança citados são ex-governadores do PSDB e o ex-presidente Lula (PT).

“O PT, em certa medida, goza de mais crédito que o próprio ex-presidente Lula – figura que padece de certa rejeição pelas denúncias e processos de corrupção”, aponta o levantamento. “Principalmente na capital, há referências bastante positivas de políticos petistas que deslocam uma avaliação do PT centrada mais na figura de Lula”.

Como nas eleições nacionais, os grandes temas da eleição estadual deste ano estarão ligados à economia. ‘Dificuldade financeira’, ‘custo de vida’, ‘inflação’ e ‘aumento de preços’ foram algumas das expressões citadas pelos entrevistados.

Ao contrário da disputa presidencial, contudo, a eleição estadual não está entre as prioridades das pessoas.

O principal responsável pela crise econômica que o País enfrenta é o presidente Jair Bolsonaro (PL). A percepção geral é de que o Brasil teve o “governo errado na hora errada”. Ainda em relação ao ex-capitão, de acordo com a pesquisa, parte dos seus eleitores em 2018 substituiu a esperança depositada nele em arrependimento e frustração.

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