Justiça

Por que Moraes suspeita de vazamento na Polícia Civil de SP em caso de mensagens

O ministro mencionou a suspeita ao determinar a apreensão do aparelho celular de Eduardo Tagliaferro, ex-assessor do TSE

Por que Moraes suspeita de vazamento na Polícia Civil de SP em caso de mensagens
Por que Moraes suspeita de vazamento na Polícia Civil de SP em caso de mensagens
Moraes não se cansa de proporcionar ao País momentos de diversão – Imagem: Rosinei Coutinho/STF
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O ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes mencionou a suspeita de vazamento na Polícia Civil de São Paulo ao determinar, nesta quinta-feira 22, a apreensão do aparelho celular de Eduardo Tagliaferro, ex-chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação do Tribunal Superior Eleitoral.

O pedido partiu da Polícia Federal e recebeu o aval da Procuradoria-Geral da República. A ordem do magistrado ocorreu no âmbito de um inquérito aberto para investigar o vazamento de mensagens trocadas entre integrantes de seu gabinete e do TSE – o material deu origem a uma série de reportagens do jornal Folha de S.Paulo.

Na decisão, Moraes afirma que na última quinta-feira 15 começaram a circular nas redes sociais notícias ligando o acesso a essas mensagens a um possível vazamento de dados na Polícia Civil paulista.

No ano passado, outro celular de Tagliaferro havia sido apreendido após a detenção dele em um caso de suposta violência doméstica. O aparelho permaneceu sob controle da Delegacia Seccional de Polícia de Franco da Rocha, na Grande São Paulo, entre 9 e 15 de maio de 2023. Após esses seis dias, o ex-assessor do TSE recuperou o telefone.

Moraes cita em sua decisão duas matérias publicadas pela Revista Fórum que, em sua avaliação, relatam inconsistências nas informações relacionadas à posse do aparelho celular “que é a provável origem do vazamento das mensagens”.

Nesse ponto, o despacho menciona a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) como suspeita de participar do vazamento. Um dos trechos das matérias transcritos por Moraes diz: “Resta saber quem antecipou as informações e forneceu sobre a prisão de Tagliaferro a Carla Zambelli”.

Em nota divulgada nesta quinta, Zambelli negou envolvimento com a divulgação das mensagens e afirmou não ter relação com os envolvidos. “Aqueles que tentam me vincular, de forma leviana, com esse caso, estão agindo com o único intuito de me prejudicar e me expor, cometendo divulgação de informações falsas sem qualquer fundamento”, diz o comunicado.

Moraes, por sua vez, escreveu que “nas referidas publicações ficou consignado o possível vazamento deliberado das informações, com objetivo de estabelecer uma narrativa fraudulenta relacionada à atuação de servidores lotados em ambos os tribunais, no contexto de reiterados ataques institucionais ao Poder Judiciário, notadamente ao STF e ao TSE”.

Com base nessa avaliação é que o ministro determinou à Polícia Federal a abertura de um inquérito, com a oitiva de Eduardo Tagliaferro (já realizada).

A PF solicitou a Tagliaferro a entrega voluntária de seu celular para perícia técnica, mas ele se recusou. Na sequência, a corporação pediu a apreensão do aparelho, recebeu o aval da PGR e foi atendida por Moraes.

A apuração veio à tona após o jornal Folha de S.Paulo publicar uma série de reportagens a sugerirem que Moraes solicitou de forma extraoficial que o TSE produzisse relatórios para subsidiar decisões contra bolsonaristas no Inquérito das Fake News e no Inquérito das Milícias Digitais. O ministro nega qualquer irregularidade.

“Efetivamente, embora tenha sido realizada a oitiva do investigado, se revela necessária e adequada a adoção de diligências investigativas complementares, essenciais para a verificação da a autoria do vazamento das informações e quanto à extensão das condutas apuradas, conforme ressaltado pela Procuradoria-Geral da República”, escreveu Moraes nesta quinta.

Segundo ele, a negativa de Tagliaferro sobre entregar o aparelho de forma voluntária “é um relevante fator a autorizar a medida de busca pleiteada, uma vez que os dados contidos no referido aparelho são de interesse público e interessam à presente investigação”.

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