Política

No JN, Lula defende o legado do PT na economia e prega unidade ‘para vencer a ultradireita’

O ex-presidente afirmou na TV Globo que o ‘equívoco da Lava Jato’ foi ‘ultrapassar o limite da investigação e entrar no limite da política’

Foto: Reprodução
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O candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, defendeu no Jornal Nacional, da TV Globo, o legado dos governos petistas na economia e pregou unidade para “vencer o fascismo, a ultradireita”, em referência à candidatura de Jair Bolsonaro (PL).

No início da entrevista, concedida nesta quinta-feira 25, ele foi questionado sobre corrupção e afirmou que o “equívoco da Lava Jato” foi “ultrapassar o limite da investigação e entrar no limite da política”, mas reconheceu ilegalidades envolvendo a Petrobras.

“O objetivo era tentar condenar o Lula”, disse o ex-presidente. “Durante cinco anos eu fui massacrado e tenho hoje a primeira oportunidade de falar disso abertamente, ao vivo, com o povo brasileiro.”

Lula declarou que a corrupção “só aparece quando você permite que ela possa ser investigada” e emendou: “Foi no meu governo que a gente criou o Portal da Transparência, que a gente colocou a CGU com ministro para fiscalizar, que a gente criou a Lei de Acesso à Informação, que a gente criou a Lei Anticorrupção, a lei contra o crime organizado, que a AGU entrou no combate à corrupção. Criamos o Coaf para cuidar de movimentações financeiras atípicas e colocamos o Cade para combater os cartéis”.

O petista também afirmou que deseja voltar à Presidência “para ser melhor” do que foi em seus dois governos.

“Quero fazer coisas que queria ter feito mas não sabia que era possível fazer. Por isso escolhi o Alckmin de vice, para juntar duas grandes experiências: um cara que foi governador por 16 anos e um cara que foi considerado o melhor presidente da história. Esses dois vão governar o País.”

Na entrevista, Lula ainda exaltou avanços econômicos das gestões petistas e elogiou a ex-presidenta Dilma Rousseff, derrubada em 2016.

“Reduzimos a dívida pública para 39%. Fizemos uma reserva de 370 bilhões de dólares. Fizemos a maior política de inclusão social deste País. É assim que vamos governar. Tem três palavras mágicas: credibilidade, previsibilidade e estabilidade”, prosseguiu. “A Dilma fez um primeiro mandato extraordinário. A crise se agravou e ela se endividou para manter políticas sociais e manter emprego em 4,5%.”

Ao analisar a relação entre o Executivo e o Legislativo, Lula afirmou que “a vida política estabelecida em regime democrático é a convivência democrática da diversidade” e fez graves críticas ao orçamento secreto.

“Pode ficar certa de que nós vamos resolver, conversando com os deputados. Eu espero que a sociedade aprenda nestas eleições uma lição muito grande. O Congresso Nacional é resultado da sua consciência política no dia da eleição.”

Segundo a mais recente rodada da pesquisa Datafolha, Lula lidera a corrida ao Palácio do Planalto com 47% das intenções de voto no primeiro turno, ante 32% de Bolsonaro. No segundo turno, o ex-presidente derrotaria o ex-capitão por 54% a 37%.

Lula chega às eleições com uma robusta coligação de 10 partidos: PT, PCdoB, PV, Solidariedade, PSOL, Rede, PSB, Agir, Avante e PROS.

Em 2002, ano de sua primeira vitória eleitoral, Lula tinha em sua coligação, além do PT, o PCdoB, o PCB, o PL e o PMN. Quatro anos depois, conquistou a reeleição com PT, PCdoB e PRB.

Para buscar o terceiro triunfo em pleitos presidenciais, o petista apostou em um antigo adversário como vice: o ex-governador de São Paulo – e ex-tucano – Geraldo Alckmin, hoje no PSB.

Em 2002, Lula recebeu 61% dos votos válidos no segundo turno (52.793.364 votos), contra 38,73% de José Serra, do PSDB (33.370.739). Em 2006, o petista obteve 60,83% dos votos válidos (58.295.042), ante 39,17% de Alckmin (37.543.178).

Lula é o terceiro candidato a ser entrevistado pelo Jornal Nacional. Na terça-feira 23, Ciro Gomes (PDT) defendeu na TV Globo um discurso “duro” contra os adversários, explicou a possibilidade de recorrer a plebiscitos, se comprometeu a não concorrer à reeleição em caso de vitória e voltou a projetar uma renda básica de mil reais por família beneficiada.

Na segunda 22, a sabatina com Bolsonaro foi marcada pela manutenção de suas posições em diferentes assuntos e pelo não compromisso com o resultado das eleições deste ano, conforme destacaram três especialistas ouvidos por CartaCapital.

Caberá a Simone Tebet (MDB) fechar a rodada de entrevistas, na sexta 26.

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