Política
Polícia indicia vereador gaúcho por racismo após discurso contra trabalhadores escravizados
A conclusão do inquérito foi apresentada nesta terça 14 pela Polícia Civil; o relatório foi encaminhado ao Poder Judiciário
A Polícia Civil do Rio Grande do Sul decidiu, nesta terça-feira 14, indiciar o vereador de Caxias do Sul Sandro Fantinel por racismo devido a declarações xenofóbicas contra trabalhadores resgatados em situação análoga à escravidão em vinícolas de Bento Gonçalves (RS).
A corporação apresentou nesta tarde o resultado do inquérito. A pena prevista é de 2 a 5 anos de prisão e o crime é inafiançável e imprescritível. O relatório foi enviado ao Poder Judiciário.
Em discurso na Câmara de Vereadores em 28 de fevereiro, Fantinel afirmou que empresários do setor de uva e vinho não deveriam contratar mais “aquela gente lá de cima”, em referência aos trabalhadores da Bahia resgatados. O vereador defendeu a contratação de argentinos, que, segundo ele, seriam limpos, trabalhadores e corretos. Fantinel ainda declarou que a única cultura que os baianos têm é a de viver na praia tocando tambor e, que por isso, seria normal ter esse tipo de problema.
O chefe da Polícia Civil gaúcha, delegado Fernando Sodré, afirmou em coletiva de imprensa que, além do indiciamento, é importante “contribuir para uma mudança de mentalidade da população, para que as pessoas entendam que estas posturas discriminatórias devem ser superadas por todos enquanto sociedade”.
No início do mês, o Ministério Público Federal solicitou à Justiça que Sandro Fantinel seja obrigado a pagar, no mínimo, 250 mil reais em danos morais coletivos pelas afirmações xenofóbicas.
O vereador também é alvo de investigação no Ministério Público estadual e na Polícia Civil, além de enfrentar um processo de cassação na Câmara de Vereadores. Após o pronunciamento, ele foi expulso de seu partido, o Patriota.
Em 3 de março, Fantinel publicou um vídeo no qual tenta se explicar sobre as declarações. Na gravação, ele disse apresentar “sinceros pedidos de desculpa” e alegou ter “muito apreço ao povo baiano e a todos do Norte/Nordeste do País”.
“Em um momento de lapso mental, proferi palavras que não representam o que sinto pelo povo da Bahia e do Norte/Nordeste. Somos todos iguais e registro que estou profundamente arrependido”, afirmou. “Se as pessoas me atacassem, se eu pagasse pelo erro que cometi, a gente paga. Mas o que está acontecendo é que a minha esposa chora noite e dia, recebendo mensagens ofendendo ela com todos os piores nomes. Ela está pensando até em me deixar.”
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