Política

Planos golpistas incluíam me prender e enforcar em praça pública, diz Moraes

Ministro pontuou principais erros das autoridades para lidar com os bolsonaristas e quais as lições que ficam da tentativa de golpe de 8 de Janeiro

O ministro Alexandre de Moraes. Foto: Sergio Lima/AFP
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O presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Alexandre de Moraes, detalhou, nesta quinta-feira 4, a existência de pelo menos três planos contra ele, criados pelos golpistas do 8 de Janeiro. Um dos planos incluía um enforcamento em praça pública.

Moraes e o Supremo Tribunal Federal foram os principais alvos da turba enfurecida que depredou a Capital Federal. Manifestantes atribuíam a ele uma suposta interferência no resultado das eleições, tese refutada por todas as auditorias realizadas pela Justiça Eleitoral.

“Eram três planos. O primeiro previa que as Forças Especiais [do Exército] me prenderiam em um domingo e me levariam para Goiânia. No segundo, se livrariam do corpo no meio do caminho para Goiânia. Aí, não seria propriamente uma prisão, mas um homicídio”, contou o ministro em entrevista ao O Globo.

“E o terceiro, de uns mais exaltados, defendia que, após o golpe, eu deveria ser preso e enforcado na Praça dos Três Poderes. Para sentir o nível de agressividade e ódio dessas pessoas, que não sabem diferenciar a pessoa física da instituição”, completou na conversa com o jornal.

Os planos, diz o ministro, estão em investigação em um inquérito separado no STF. Há, ainda de acordo com Moraes, diligências em andamento tocadas pela a Agência Brasileira de Inteligência, a Abin.

Para o ministro, apesar das ameaças constantes que sofre, a potência dos ataques pelas redes sociais não é a mesma vivenciada na realidade. “Esses golpistas são extremamente corajosos virtualmente e muito covardes pessoalmente”, avaliou.

Neste ponto, Moraes tornou também a defender a necessidade da regulamentação das redes sociais e pontuou essa como a principal lição dos atos bolsonaristas. “Sem elas [redes], dificilmente [os atos golpistas] teriam ocorrido de forma tão massiva”, disse.

Questionado sobre uma punição contra Jair Bolsonaro (PL) como mentor político e intelectual da tentativa de golpe, Moraes evitou antecipar qualquer definição. Segundo ele, “todos os políticos, quando houver comprovação de participação, devem ser alijados da vida política, além da responsabilidade penal”, disse sem nomear diretamente o ex-presidente.

Outros bolsonaristas, no entanto, não foram poupados. Ao jornal, Moraes citou a prisão do ex-ministro Anderson Torres e o afastamento do governador Ibaneis Rocha como pontos decisivos para se conter a turba golpista.

“Achei importante três decisões: as prisões do então secretário [Anderson Torres] e do comandante geral da Polícia Militar [Fábio Augusto Vieira], para evitar efeito dominó em outros estados. Eu me certifiquei que as demais polícias militares estavam tranquilas, mas não podíamos arriscar. Ao mesmo tempo, o afastamento do governador [Ibaneis Rocha], para evitar que pudesse ocorrer algo extremista em outros estados, eventualmente outro governador apoiar movimento golpista”, explicou o presidente do TSE.

Para Moraes, outro grande erro que levou ao 8 de Janeiro foi o descuido da segurança após uma posse sem intercorrências em 1º de janeiro.

“Como na posse não houve nada, infelizmente as pessoas da área de segurança talvez tenham ficado mais otimistas. O grande erro doloso foi permitir a entrada [dos golpistas] na Esplanada dos Ministérios. O 8 de Janeiro foi o ápice do movimento: a tentativa final de se reverter o resultado legítimo das urnas”, avaliou.

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