Política

PGR vê corrupção de Ramagem em caso de software espião na Abin de Bolsonaro

O ex-diretor da agência teria, sustentam os procuradores, se corrompido para evitar a divulgação do uso ilegal do programa durante a gestão do ex-capitão

MARCOS CORREA/PR
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A Procuradoria-Geral da República disse ter visto indícios de que o ex-diretor da Abin sob Bolsonaro, o hoje deputado Alexandre Ramagem (PL), teria se corrompido para evitar a divulgação do uso ilegal do software espião durante a gestão do ex-capitão. As informações constam de relatórios revelados pelo jornal Folha de S. Paulo.

Os documentos foram enviados ao ministro Alexandre de Moraes, relator da investigação sobre um esquema de arapongagem no governo Bolsonaro que tramita no Supremo Tribunal Federal. As informações embasaram a Operação Última Milha, deflagrada pela Polícia Federal em outubro.

Além da prisão, outros cinco diretores foram alvo de mandados de busca e apreensão. Na casa de um deles, o então secretário de Planejamento e Gestão do órgão, Paulo Maurício Fortunato, a polícia encontrou 171,8 mil dólares em espécie.

De acordo com o jornal, as menções a Ramagem ocorrem quando a Procuradoria trata da participação de dois servidores da Abin na utilização da ferramenta First Mile, que pode monitorado ao menos 10 mil proprietários de celulares sem autorização judicial.

Eduardo Izycki e Rodrigo Colli foram presos na operação da PF e afastados de suas funções no mesmo dia. Ambos são investigados por usar o conhecimento sobre o uso do software espião para evitar a demissão em um processo disciplinar interno – a investigação mirava supostas fraudes em licitações do Exército.

Assim, frisou a PGR, os servidores, “cientes do uso indevido do sistema First Mile para fins alheios a missão institucional da Abin provocaram o ex-diretor-geral, Alexandre Ramagem, a retardar o julgamento do PAD 03/2019″.

Na sequência, Ramagem teria convertido o julgamento em diligência, com a nomeação de nova comissão processante, e deixado de submeter as conclusões da primeira comissão ao Gabinete de Segurança Institucional, responsável por apreciar e decidir sobre esses casos.

“Há indícios de prática de concussão e de corrupção ativa de Eduardo Izycki e Rodrigo Colli e de corrupção passiva pelo ex-diretor-geral da Abin Alexandre Ramagem”, acrescentou a Procuradoria.

Ainda segundo a reportagem, ao receber os documentos, o ministro Alexandre de Moraes destacou que a prisão dos servidores seria necessária para identificar o que teria motivado o ex-diretor “praticar atos administrativos fora de sua competência na defesa destes”.

Procurado, Alexandre Ramagem afirmou à Folha de São Paulo que “representou na Polícia Federal” para obter informações sobre as questões abordadas na reportagem.

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