Política
PGR se manifesta a favor da construção da Ferrogrão em julgamento no STF
A obra havia sido paralisada por uma ação que questiona os danos ambientais


O procurador-geral da República, Augusto Aras, manifestou-se no Supremo Tribunal Federal a favor da construção da Ferrogrão, projeto de 2012 que prevê a criação de um complexo ferroviário e rodoviário de 933 quilômetros para ligar o município de Sinop, em Mato Grosso, a Mirituba, no Pará.
Em 31 de maio, o STF pretende retomar o julgamento sobre um processo que havia paralisado a construção da Ferrogrão. A análise foi motivada por uma ação do PSOL que apontou impactos nocivos ao meio ambiente, por alterações nos limites de uma unidade de preservação, o Parque Nacional do Jamanxim, no Pará.
Por ordem do relator, o ministro Alexandre de Moraes, a obra foi paralisada.
Em manifestação ao STF, a PGR argumentou que “a redução de 0,054% do Parque Nacional do Jamanxim para viabilização de estudos para a instalação de ferrovia destinada ao escoamento de grãos ajusta-se ao princípio do desenvolvimento sustentável como fator de equilíbrio entre economia e ecologia”.
A PGR afirmou que a redução na unidade ambiental é “pequena em relação ao desenvolvimento econômico proporcionado pela construção da ferrovia”. Alegou, ainda, que o empreendimento pode “diminuir a emissão de poluentes por caminhões de transporte de cargas”.
Em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, na segunda-feira 22, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, disse ser favorável ao projeto e afirmou que “não há nada mais sustentável que uma ferrovia”. A posição é acompanhada pelo ministro dos Transportes, Renan Filho.
No entanto, a ministra dos Povos Originários, Sônia Guajajara, tem uma opinião divergente e chegou a pedir à Advocacia-Geral da União que se manifeste contra a medida provisória que autoriza a realização da obra.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também

STF marca julgamento sobre a construção da Ferrogrão
Por Victor Ohana
Negativa do Ibama à exploração de petróleo no Amazonas foi técnica e deve ser respeitada, diz Marina
Por CartaCapital