Política

PGR quer acessar quebra de sigilo de Janones antes de decidir sobre denúncia por suposta ‘rachadinha’

A PF indiciou o deputado por corrupção passiva, peculato e associação criminosa

PGR quer acessar quebra de sigilo de Janones antes de decidir sobre denúncia por suposta ‘rachadinha’
PGR quer acessar quebra de sigilo de Janones antes de decidir sobre denúncia por suposta ‘rachadinha’
Brasília (DF) 05-06-2024 Reunião do conselho de ética. Uma sessão com várias confusões. O relatório do deputado Guilherme Boulos foi aprovado em favor do deputado André Janones. Foto Lula Marques/ Agência Brasil
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O vice-procurador-geral da República, Hindenburgo Chateaubriand, solicitou ao Supremo Tribunal Federal, nesta quinta-feira 19, acesso aos dados obtidos com a quebra dos sigilos bancário e fiscal de André Janones (Avante-MG) antes de decidir se oferecerá denúncia contra o deputado federal.

Na semana passada, a Polícia Federal indiciou o parlamentar por corrupção passiva, peculato e associação criminosa na investigação sobre uma suposta prática de “rachadinha” em seu gabinete. Agora, cabe à PGR decidir se aceita os argumentos elencados pela PF, arquiva o caso ou pede novas diligências.

A manifestação do órgão, encaminhada ao ministro Luiz Fux, relator do caso, afirma que o relatório da investigação não contém informações detalhadas sobre as quebras de sigilo. “Nessas condições, o Ministério Público Federal requer o encaminhamento do apenso, para que possa formar a sua opinião delitiva”, justificou Chateaubriand.

“Rachadinha” é o nome dado na política à prática de conceder cargos comissionados (de confiança) em troca de parte dos vencimentos dos funcionários. Trata-se, em tese, de desvio de dinheiro público.

Outros dois auxiliares de Janones – Alisson Alves Camargos e Mário Celestino da Silva Júnior – são alvos da acusação.

Na avaliação dos investigadores, o deputado seria uma espécie de “eixo central em torno do qual toda a engrenagem criminosa gira”. O inquérito, aberto em dezembro passado, teria exposto “a ilicitude dos seus atos”, na avaliação da PF.

Um dos mecanismos aplicados por Janones, sustentou o relatório, foi o uso de um cartão de crédito adicional em nome de Mário Júnior. Mesmo com o auxiliar pagando as faturas, o deputado mineiro teria solicitado reembolso dos valores à Câmara, o que configuraria crime de peculato (quando um agente se apropria de bens públicos, em benefício próprio ou de terceiros).

“Ao que tudo indica, o único objetivo de Mário ao emitir o cartão adicional era o de repassar parte da sua remuneração para o parlamentar. Afinal, o cartão principal, de sua titularidade, somente veio a ser utilizado aproximadamente quatro anos após sua obtenção, enquanto isso, o adicional, em nome do deputado passou a ser usado imediatamente”, afirmou a PF.

A apuração se baseia em um áudio no qual o deputado supostamente pediria a assessores o repasse de parte de seus salários. Desde que o material veio à tona, Janones nega as acusações.

No relatório, a PF ainda destacou que a gravação teve a “veracidade corroborada tanto pelos participantes da reunião, quanto por laudos periciais”. Em depoimento, dois ex-assessores confirmaram os pedidos de devolução e um deles afirmou que “sofreu retaliações”.

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