Política
PGR pede acesso a alertas da Abin sobre colapso na pandemia, ignorados por Bolsonaro
Os documentos, produzidos entre 2020 e 2021, foram mantidos em sigilo pelo governo do ex-capitão
A Procuradoria-Geral da República pediu à Agência Brasileira de Inteligência o compartilhamento de todos os relatórios produzidos pelo órgão durante a pandemia e enviados ao então presidente Jair Bolsonaro.
Documentos escritos pela Abin e pelo Gabinete de Segurança Institucional entre março de 2020 e julho de 2021 foram mantidos em sigilo pelo governo Bolsonaro. Os relatórios projetavam o número de mortes em decorrência da Covid-19 no Brasil.
O ex-capitão decidiu ignorar de forma deliberada as recomendações do Ministério da Saúde sobre o uso de máscaras e o distanciamento social. Os relatórios também desaconselhavam o uso da cloroquina e mencionavam a vacinação como uma forma efetiva de controlar a disseminação da doença, além de alertar sobre um possível colapso das redes de saúde e funerária.
No início de julho, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, anulou uma decisão da Justiça Federal de Brasília que havia arquivado parcialmente uma investigação sobre supostas irregularidades e omissões do governo Bolsonaro na pandemia.
Por ordem de Gilmar, a PGR terá de reavaliar, a partir de um relatório da Polícia Federal, se há indícios de crimes nas condutas de Bolsonaro; do ex-ministro Eduardo Pazuello (Saúde); do coronel Elcio Franco, ex-braço direito de Pazuello na pasta; e de Fábio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação da Presidência.
Também devem entrar na mira Mayra Isabel Correia Pinheiro, ex-secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, e Mauro Luiz Ribeiro, do Conselho Federal de Medicina.
A investigação analisa, entre outros, possíveis crimes de epidemia com resultado de morte, emprego irregular de verbas pública e prevaricação.
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