Política

PGR pede à PF que inclua depoimento de Paulo Marinho no inquérito que investiga Bolsonaro

O empresário afirmou que Flávio Bolsonaro foi informado com antecedência sobre operação da PF que investigava desvio de dinheiro público

Senador Flávio Bolsonaro. Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado
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A Procuradoria Geral da República solicitou à Polícia Federal no domingo 17 que colha o depoimento do empresário Paulo Marinho no âmbito do inquérito do Supremo Tribunal Federal que investiga se o presidente Jair Bolsonaro tentou interferir na PF.

Em entrevista cedida À Folha de S. Paulo, Marinho, que é suplente de Flávio Bolsonaro no Senado, afirmou que ele foi informado com antecedência, por um delegado da Polícia Federal do Rio de Janeiro, sobre a Operação Furna da Onça, que levantou acusações de desvio de dinheiro público por Fabrício Queiroz, ex-funcionário de Flávio em seu gabinete de deputado estadual no Rio.

O empresário, então um importante apoiador da campanha presidencial de Bolsonaro, alega que, de acordo com relatos de Flávio, o delegado adiou a deflagração da operação para que a campanha do ex-capitão não fosse atrapalhada.  O mesmo delegado orientou o senador a demitir Queiroz e a filha dele, que trabalhava no gabinete do então deputado federal Jair Bolsonaro em Brasília. Os dois foram exonerados em 15 de outubro de 2018.

 

Ainda segundo Marinho, atual pré-candidato à prefeitura do Rio pelo PSDB, Flávio lhe pediu uma indicação de um advogado criminalista e estava “transtornado” quando lhe contou a história. Flávio também teria tido acesso aos registros da conta bancária de Queiroz com as movimentações suspeitas que estavam sendo investigadas, após receber a informação da PF.

Em nota, Flávio Bolsonaro negou as acusações e afirmou ter um “pouco de pena” pelo “desespero” de Marinho. “Preferiu virar as costas a quem lhe estendeu a mão. Trocou a família Bolsonaro por Doria e Witzel, parece ter sido tomado pela ambição. É fácil entender esse tipo de ataque ao lembrar que ele, Paulo Marinho, tem interesse em me prejudicar, já que seria meu substituto no Senado”, disse.

“Ele sabe que jamais teria condições de ganhar nas urnas e tenta no tapetão. E por que somente agora inventa isso, às vésperas das eleições municipais em que ele se coloca como pré-candidato do PSDB à Prefeitura do Rio, e não à época em que ele diz terem acontecido os fatos, dois anos atrás? Sobre as estórias, não passam de invenção de alguém desesperado e sem votos”, afirmou o senador.

O ofício pedindo a coleta de depoimento foi assinado pelo procurador João Paulo Lordelo Guimarães Tavares, que é membro auxiliar do gabinete do procurador-geral da República, Augusto Aras. Ele foi encaminhado à delegada Christiane Correa Machado, do Serviço de Inquéritos Especiais da PF no STF.

Tavares também solicita que a Polícia Federal colha o depoimento de Miguel Ângelo Braga Grillo, chefe de gabinete de Flávio. Ele pediu ainda, em meio digital, a cópia integral do inquérito da PF que apurou supostos vazamentos relacionados à operação Furna da Onça.

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