Justiça
PGR defende rejeitar nova tentativa de Bolsonaro de tirar Dino e Zanin do inquérito do golpe
O presidente do STF, Luís Roberto Barroso, já rechaçou o pedido, mas o ex-capitão recorreu


A Procuradoria-Geral da República defendeu, nesta sexta-feira 14, a rejeição do pedido do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para afastar os ministros do Supremo Tribunal Federal Flávio Dino e Cristiano Zanin do julgamento da denúncia sobre a tentativa de golpe em 2022.
No fim de fevereiro, o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, negou a solicitação, mas a defesa de Bolsonaro recorreu. Para a PGR, o recurso não apresenta novos elementos.
“A situação fática e jurídica que autorizou a negativa de seguimento à arguição de impedimento mantém-se inalterada”, sustentou o órgão. Além disso, avalia a PGR, as alegações dos advogados não preenchem os critérios legais para afastar um magistrado.
Ao barrar o pedido original, Barroso afirmou que as hipóteses de afastamento previstas pelo Código de Processo Penal não admitem intepretações extensivas para retirar ministros de algum processo ou julgamento.
Segundo Barroso, o fato de Dino ter apresentado uma ação penal contra Bolsonaro antes de se tornar ministro do STF não é fator de impedimento, conforme a regra do CPP. Na mesma linha, o fato de Zanin ter se declarado impedido para atuar em um caso eleitoral envolvendo Bolsonaro ou ter assinado notícia-crime na condição de advogado, antes de ingressar no STF, também não se enquadra nas causas de impedimento.
Zanin, presidente da Primeira Turma, convocou três sessões para julgar a denúncia da PGR contra Bolsonaro e outros acusados de envolvimento na trama golpista.
A análise começará às 9h30 da terça-feira 25 de março, em uma sessão extraordinária. No mesmo dia haverá mais uma sessão, na faixa tradicional das 14h. Outro encontro extraordinário ocorrerá na quarta 26, às 9h30.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também

Como uma declaração de Bolsonaro provocou nova ação no STF por crime contra a soberania
Por CartaCapital
Eduardo Bolsonaro voltará ao Brasil?
Por Cacá Melo
Bolsonaro reclama de velocidade do STF para julgar a denúncia da trama golpista
Por Wendal Carmo