Política

PF vê ‘possível conluio’ da atual gestão da Abin para interferir em apuração sobre software espião

Segundo a Polícia Federal, ações realizadas pela alta gestão da agência ‘se mostram prejudiciais à investigação’

Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil
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A Polícia Federal afirma ter indícios de possível tentativa de interferência da atual composição da Agência Brasileira de Inteligência em investigações sobre o uso de um software espião durante o governo de Jair Bolsonaro (PL).

A informação consta da decisão em que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, autorizou a operação deflagrada nesta quinta-feira 25 contra o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ).

O objetivo da PF é investigar uma suposta organização criminosa instalada na Agência Brasileira de Inteligência, órgão chefiado por Ramagem entre julho de 2019 e abril de 2022. O esquema serviria para monitorar desafetos do governo Bolsonaro, por meio de ferramentas de geolocalização de dispositivos móveis – sem autorização judicial.

A gravidade ímpar dos fatos é incrementada com o possível conluio de parte dos investigados com a atual alta
gestão da Abin cujo resultado causou prejuízo para presente investigação, para os investigados e para própria instituição”, diz um trecho do relatório da PF a embasar a operação desta quinta.

Segundo a corporação, “as ações realizadas pela alta gestão atual se mostram prejudiciais à presente investigação”.

A PF cita declarações do atual número 2 da Abin, o delegado Alessandro Moretti. Em uma reunião com investigados, ele teria afirmado que a investigação tinha “fundo político e iria passar”.

“A percepção equivocada da gravidade dos fatos foi devidamente impregnada pela direção atual da Abin nos investigados [e] não alterou o cenário vivido pelos investigados ao tempo da gestão do del. Alexandre Ramagem em nítida relação de continuidade“, diz a polícia.

O atual diretor-geral da Abin é Luiz Fernando Corrêa, delegado da PF aposentado. Ele já ocupou os cargos de diretor-geral do Departamento de Polícia Federal, entre 2007 e 2011, e de secretário Nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça, entre 2003 e 2007.

Morreti foi diretor de Inteligência Policial (2022 a 2023) e de Tecnologia da Informação e Inovação (2021 a 2022) da PF. Também ocupou o posto de diretor de Gestão e Integração de Informações da Secretaria Nacional de Segurança Pública, em 2020.

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