PF vai investigar ameaças de morte recebidas via e-mail por deputada trans em Sergipe

Linda Brasil é a primeira mulher trans eleita deputada estadual; as mensagens relatavam um atentado à Assembleia Legislativa e exigia sua renúncia ao cargo

Esta é a deputada estadual pelo Sergipe, Linda Brasil (PSOL) - Reprodução/AssessoriaParlamentar

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A Polícia Federal deve instaurar um inquérito para apurar quem são os responsáveis pelo envio de ameaças de morte à deputada estadual Linda Brasil (PSOL), primeira mulher transsexual eleita para uma vaga na Assembleia Legislativa de Sergipe (Alese).

As mensagens foram enviadas por criminosos em 28 de junho, Dia Internacional do Orgulho LGBT+.

O recebimento das ameaças foi relatado à parlamentar por meio do Gabinete de Segurança Institucional da Assembleia, responsável pela segurança dos deputados e deputadas. As mensagens, endereçadas à Escola do Legislativo da Alese, ainda continham ataques transfóbicos e exigiam que Linda renunciasse ao cargo.

A equipe jurídica da deputada também denunciou o caso no Centro de Operações Policiais Especiais, da Polícia Civil.

A corporação afirmou, em nota, que apura os autores das ameaças e disse tratar-se de um crime contra “o direito legal de escolha dos representantes da administração pública por meio da democracia”.

Segundo apurou a reportagem, o material também relatava a possibilidade de um atentado ao gabinete da deputada na Assembleia.

Fontes da investigação avaliam inicialmente que o envio das ameaças podem estar relacionadas à atuação de uma quadrilha digital que cometia crimes por meio do Discord.

Um dos suspeitos presos pela Polícia Civil de São Paulo, Gabriel Barreto Vilares (conhecido como “Law”), é ex-morador do Bugio, bairro da zona norte de Aracaju. O grupo foi responsável por enviar ameaças de morte à deputada federal trans Duda Salabert (PDT-MG).

De acordo com Linda Brasil, o caso é mais uma demonstração da “violência de gênero” contra parlamentares que defendem os direitos das minorias.

“A ameaça é inaceitável, covarde, pretende me coagir e calar, além de ferir os princípios democráticos e de respeito aos direitos humanos”, disse a CartaCapital. 

O ministro dos Direitos Humanos, Sílvio Almeida, chegou a telefonar para a deputada e manifestou solidariedade pelo episódio. Ele ainda reforçou o compromisso do governo Lula (PT) no combate à violência política de gênero.

Nas redes sociais, o governador Fábio Mitidieri (PSD) lamentou as ameaças e reforçou que a parlamentar “merece respeito e proteção para legislar com liberdade”.

“Este tipo de crime não será tolerado e as nossas Forças de Segurança Pública estão trabalhando na apuração das provas e repreensão o quanto antes”, acrescentou.

O envio de ameaças a parlamentares de esquerda deixou de ser exceção para se tornar regra nos últimos anos. Em abril, a deputada estadual paraense Lívia Duarte (PSOL) foi alvo de xingamentos racistas por e-mail. A mensagem ainda relatava a possibilidade de uma “chacina” na Assembleia Legislativa do Pará.


Este também é o caso da vereadora pelo PSOL de Niterói (RJ), Benny Briolly, alvo de constantes ameaças e exigências para que ela renunciasse ao cargo. Após os ataques, a parlamentar decidiu deixar o Brasil.

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