A Polícia Federal tomou nesta quarta-feira 12 os depoimentos de 81 militares sobre os atos golpistas de 8 de Janeiro, mas oito oitivas programadas não aconteceram. A informação foi divulgada pela TV Globo.
O conteúdo dos depoimentos será anexado ao inquérito em tramitação no Supremo Tribunal Federal sobre o envolvimento de integrantes das Forças Armadas no terrorismo bolsonarista. Em fevereiro, o ministro Alexandre de Moraes decidiu que o julgamento desses militares deve acontecer na Corte.
Desde o início da manhã, eles foram ouvidos na Academia Nacional da PF, a partir de um forte esquema especial para o qual foram escalados 50 delegados. Entre os depoentes esteve o general do Exército Gustavo Henrique Dutra de Menezes.
Na terça 11, o governo Lula formalizou, por meio do Diário Oficial da União, a exoneração de Dutra de Menezes do Comando Militar do Planalto. Ele estava afastado do posto desde 16 de fevereiro e já ocupava o cargo de 5º subchefe do Estado-Maior da Força.
O general se tornou alvo de desconfianças do governo após o 8 de Janeiro. Com a mudança, portanto, ele deixou o sensível Batalhão da Guarda Presidencial, subordinado ao CMP.
Durante depoimento à PF em fevereiro, o ex-comandante de Operações da Polícia Militar do Distrito Federal Jorge Eduardo Naime acusou o Exército de “frustrar todos os planejamentos e as tentativas” de retirar os bolsonaristas do acampamento instalado em frente ao quartel-general de Brasília.
Naime afirmou ter participado de uma reunião no Palácio do Planalto em dezembro, durante a qual teria sido detalhado o plano para desmobilizar o acampamento. A ação, segundo ele, ocorreria antes da posse do presidente Lula (PT).
O coronel disse que a PM “colocou todos os meios necessários à disposição do Exército Brasileiro”, mas, posteriormente, recebeu a informação de que Dutra de Menezes havia suspendido a operação por ordem do comandante do Exército à época, general Júlio César de Arruda. Em janeiro, Lula demitiu Arruda e escolheu o general Tomás Ribeiro Paiva para chefiar a Força.
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