PF investiga uso da Abin para produção de dossiês sobre adversários de Bolsonaro, diz site

Um dos documentos, segundo reportagem do UOL publicada nesta sexta-feira 3, tinha como alvo um ministro do governo Lula (PT)

MARCOS CORREA/PR

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A Polícia Federal investiga se a Abin usou ferramentas da agência para produzir dossiês sobre integrantes do PT e do PCdoB durante o governo Jair Bolsonaro (PL). O novo flanco de apuração, revelado nesta sexta-feira 3 pelos colunistas do UOL Eduardo Militão e Juliana Dal Piva, acontece no bojo de um inquérito em andamento no Supremo Tribunal Federal que mira um esquema de espionagem de jornalistas, políticos, advogados e juízes dentro do órgão.

Um dos dossiês, segundo a reportagem, tinha como alvo um ministro do governo Lula (PT). Entre as informações contidas no documento estão CPF, data de nascimento e dados sobre processos abertos e encerrados no Tribunal de Contas da União, Tribunal Superior Eleitoral e no STF.

A principal linha de investigação da PF dá conta de que os supostos dossiês foram produzidos a partir de dados obtidos por meio do First Mile em combinação com outras ferramentas da agência. Fontes ouvidas pelo UOL confirmaram que partiu da Casa Civil a ordem para a produção dos relatórios com base em fontes abertas – na sequência, os documentos eram enviados ao Planalto.

Por se tratar de um uso indevido da Abin, nenhum dos dossiês possuíam timbre oficial do órgão. Eles foram confeccionados em meio a documentos solicitados legalmente pelo ministro Braga Neto, à época chefe da Casa Civil, com o objetivo de evitar chamar a atenção.

O uso ilegal do software israelense First Mile resultou na Operação Última Milha, deflagrada pela PF em 20 de outubro. Além da prisão de dois servidores da Abin, outros cinco diretores foram alvo de mandados de busca e apreensão. Na casa de um deles, o então secretário de Planejamento e Gestão do órgão, Paulo Maurício Fortunato, a polícia encontrou 171,8 mil dólares em espécie.

A ferramenta pode ter monitorado ao menos 10 mil proprietários de celulares sem autorização judicial.


Ex-chefe da Abin, o deputado federal Alexandre Ramagem (PL) disse ao UOL que, sob sua gestão, o órgão atuou para aprimorar as “ferramentas de controle para não haver irregularidades”. Ele, porém, não respondeu à suposta produção ilegal de dossiês sobre adversários políticos.

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